Título: A explosão do agronegócio no Distrito Federal.
Autor: Helena Mader
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

A atividade gera emprego, renda e atrai empresários interessados em lucrar com o potencial do segmento. A Brasília urbana, conhecida pela beleza de suas formas e de sua arquitetura, esconde a força e o crescimento da área rural. O agronegócio desponta no Distrito Federal como importante atividade geradora de emprego e renda e atrai empresários interessados em lucrar com o potencial do segmento. O setor agropecuário se consolidou e mostra a sua força pelos números. No ano passado, o agronegócio movimentou R$ 1,5 bilhão no DF, englobando aí, além da produção agropecuária, os setores industrial, de comércio e de serviços envolvidos.

Em todo o DF, há 13 mil propriedades rurais. Somada à área rural do entorno, são mais de 800 mil hectares onde se desenvolve a apicultura, a criação de bois, porcos, búfalos, aves, cavalos e ovelhas. As hortaliças cultivadas aqui já são exportadas e a produtividade de grãos do DF é uma das mais altas do País, da ordem 3,8 toneladas por hectare. Hortaliças e a avicultura respondem por cerca de 70% do PIB agrícola do DF. A exportação de frango turbina os bons resultados da balança comercial brasiliense. A empresa Só Frango responde por cerca de 65% das vendas internacionais da cidade.

O clima e o desenvolvimento tecnológico propiciam ao DF um ambiente adequado à produção de hortaliças. No núcleo rural Taquara, próximo à Planaltina,160 agricultores produzem anualmente em torno de 3 mil toneladas de hortaliças por ano. A Cootaquara, cooperativa com 42 produtores associados, comercializa 18 mil caixas de produtos por mês. As cinco variedades de pimentão cultivadas no local são vendidas para Manaus, Goiânia e em breve serão exportadas para os Estados Unidos.

"Já abastecemos o mercado interno e agora vamos colocar nossa produção no exterior. Os pimentões aqui desenvolvidos são de alta qualidade e por isso estamos conseguindo conquistar novos mercados", explica Maurício de Rezende, presidente da cooperativa.

Os produtores do núcleo rural Taquara devem faturar R$ 700 mil ainda este ano com a exportação de pimentões. Até o ano que vem, 350 hectares devem ser destinados à produção para o mercado externo.

A união dos produtores em torno de cooperativas é uma tendência consolidada no DF, que impulsiona a produção e facilita a distribuição. No Paranoá, 95 produtores da Cooperativa Agropecuária do DF (Coopadef) vendem anualmente 1,2 milhão de sacas de grãos.

Tecnologia

Milho, trigo e soja são o foco dos produtores. "A produção cresceu mais de 40% nos últimos sete anos. O mercado interno do DF é excelente e as condições de produção têm melhorado muito nos últimos anos", garante João Carlos Werlang, presidente da Coopadef. O secretário de Agricultura do DF, Aguinaldo Lélis, garante que a utilização de tecnologias modernas propicia uma altíssima produtividade por hectare e faz da região, apesar de pequena - o DF tem 5.789 quilômetros quadrados -, uma potência agroindustrial. "No DF temos 30 milhões de aves, 120 mil porco, o rebanho bovino é estimado em 112 mil cabeças e atividades antes isoladas têm crescido, como a floricultura, fruticultura e a criação de avestruzes. O Governo do Distrito Federal (GDF) tem estimulado a atividade agropecuária com a redução da carga tributária e o acesso a crédito barato", garante Lélis.

Para fortalecer a política agropecuária em Brasília e impulsionar o agronegócio, o GDF criou em 1999 o Programa de Desenvolvimento Rural do DF/Ride (Pró-Rural). Os incentivos do programa dão competitividade aos produtores, gerando empregos e renda.

O foco da política agropecuária do GDF é o pequeno produtor rural, até porque 87% das 13 mil propriedades da região têm menos de 50 hectares. "A cada ano a dependência de importação de produtos diminui. Atividades como a bubalinocultura, piscicultura e a ovinocultura têm crescido com os incentivos do Pró-Rural", diz Lélis.

Nelore com marca própria

A força do agronegócio tem atraído empresários que já consolidaram suas atividades na área urbana de Brasília. Fernando Márcio Queiroz, presidente da Via Engenharia, uma das maiores construtoras da cidade, está de olho nesse mercado. Queiroz garante: o agronegócio tem grande potencial para gerar lucros. Seu patrimônio em terras no entorno do DF está avaliado em R$ 75 milhões. O empresário tem um plantel de 30 mil cabeças de gado da raça nelore. O abate anual nas propriedades é de 7 mil cabeças.

Nos próximos três anos, Queiroz pretende investir mais R$ 30 milhões na atividade. Entre seus planos, está o lançamento de uma marca própria de carne. "O foco do será o mercado do DF. Vamos investir em um produto de qualidade, com identificação da procedência, para conquistar os consumidores candangos", diz ele.

O empresário pretende investir em alta tecnologia agropecuária em suas terras, nos municípios de Cocalzinho e Padre Bernardo (GO). "Pretendemos dobrar o rebanho para desenvolver um produto que sairá da fazenda direto para o consumidor, sem intermediários", justifica Queiroz.

kicker: No ano passado, o segmento movimentou R$ 1,5 bilhão no DF