Título: Brasil usa menos financiamento nas importações
Autor: Lívia Ferrari
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Primeira Página, p. A-1

Queda na compra de máquinas e o câmbio explicam. As importações brasileiras registram alterações no perfil de financiamentos. Apenas 4,55% das importações brasileiras com cobertura cambial foram contempladas este ano, de janeiro a agosto, com prazos de pagamento acima de 360 dias. No ano passado, esse percentual era de 8,44%. Em termos absolutos, somente US$ 1,8 bilhão em importações realizadas nos primeiros oito meses tiveram financiamentos de longo prazo, ante US$ 2,56 bilhões de janeiro a agosto do ano passado.

Isso significa que as importações com prazos de pagamento superiores a um ano caíram 30% nos primeiros oito meses deste ano, na comparação com igual período de 2003, segundo levantamentos da Secretaria da Receita Federal.

Em compensação, as compras externas com prazo de pagamento até 180 dias aumentaram 42% de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período de 2003, somando US$ 26 bilhões. Com esse resultado, 66% das importações brasileiras foram realizadas com prazo de pagamento de no máximo seis meses.

A própria estrutura das importações brasileiras proporciona, em parte, uma explicação. A menor participação dos bens de capital na pauta de importações justifica a redução no prazo dos financiamentos, já que a compra de máquinas e equipamentos exige, quase sempre, maiores prazos de pagamento.

Mas, além disso, observa-se que a taxa de câmbio entre R$ 2,90 e R$ 3,00 por dólar é favorável às importações e reforça a tendência à queda nos financiamentos a mais longo prazo. Os importadores vêm encurtando o prazo de fechamento de câmbio com o objetivo de aproveitar a atual cotação da moeda. É o que afirma o vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.