Título: Berzoini fala em restringir horas extras na indústria
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Nacional, p. A-6

O ministro do Trabalho e Emprego, Ricardo Berzoini, disse ontem em São Paulo que o governo "poderá propor medidas para restringir as horas extras" caso perceba uma tendência generalizada da indústria de, ao invés de contratar, ampliar a jornada dos seus empregados. Pesquisa realizada pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), divulgada no início desta semana, mostra que a indústria foi, em agosto, um dos setores que menos gerou empregos, com 4 mil das 68 mil vagas abertas no mês.

O ministro disse que as restrições às horas extras só devem ser adotadas em último caso, "porque acreditamos que esse é um instrumento de flexibilidade para algumas empresas que têm atividade sazonal. Mas se percebermos que há uma tendência generalizada de, ao invés de contratar, adotar horas extras, nós poderemos chegar ao ponto de propor uma medida legislativa que tenha o sentido de restringir e reduzir a utilização de horas extras", disse Berzoini.

Como exemplo, citou que uma empresa poderia contratar mais 20% da sua força de trabalho e, ao invés disso, usa 20% a mais de horas dos próprios trabalhadores. O que, disse ele, "sacrifica a qualidade do trabalho, sacrifica a condição de trabalho e de saúde dos atuais operários ou trabalhadores em geral e não gera novos empregos, o que seria fundamental para o Brasil. Creio que a maioria dos empresários está gerando empregos, tanto é que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), registro permanente de admissões e dispensa de empregados sob o regime da CLT) aponta 1,5 milhão de empregos e não será necessário recorrer a essa medida".

O ministro falou após cerimônia de adesão das empresas Nestlé Brasil e GRSA, especializada em alimentação, ao Programa Primeiro Emprego do governo federal. Elas se comprometeram a contratar dois mil jovens, entre 17 e 20 anos de idade, até 31 de dezembro de 2006.