Título: Cotações caem pela primeira vez em 10 dias
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Energia, p. A-6
Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda ontem pela primeira vez em 10 dias, com os investidores mais aliviados pelo cessar-fogo na Nigéria e o aumento dos estoques dos Estados Unidos. O recuo dos preços, no entanto, foi limitado pela afirmação do Serviço de Administração de Minerais dos EUA de que a recuperação da produção do petróleo e do gás natural na região do Golfo do México está lenta, após a passagem do furacão Ivan.
O contrato negociado em Nova York com entrega em novembro iniciou o dia de ontem com a mesma tendência de alta das sessões anteriores e novamente chegou a superar brevemente os US$ 50 por barril, mas fechou a US$ 49,51 o barril, um recuo de US$ 0,39, após ter caído para até US$ 48,40 durante a sessão. Em Londres, o petróleo tipo Brent encerrou negociado a US$ 46,08 o barril, uma queda de US$ 0,37.
O líder rebelde da Nigéria Mujahid Dokubo-Asari afirmou ontem que aceitou um cessar-fogo com o governo, enquanto são apresentadas as demandas para negociação da autonomia da região Delta do Níger. Durante o pregão eletrônico na noite de terça-feira, o petróleo atingiu recorde de US$ 50,47, devido à preocupação com a produção da Nigéria.
No mercado nova-iorquino, os preços chegaram a cair mais de um dólar depois da divulgação do relatório dos estoques dos Estados Unidos, que apontou aumento surpreendente de 3,4 milhões de barris nos estoques, totalizando 292,7 milhões. Esta foi a primeira alta dos estoques em nove semanas. Os analistas esperavam que os últimos dados sobre as reservas, divulgados ontem pelo Departamento de Energia, apresentassem uma queda de 3 milhões de barris.
Mesmo com a leve diminuição nos preços, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que as cotações do petróleo manterão tendência de alta devido à pouca capacidade para bombear combustível extra, o que reduzirá o crescimento mundial em um décimo no ano que vem. "O número de barris que podem ser produzidos, em comparação com o que se produz de fato é o menor nos últimos anos, se não o menor na história", disse o diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato.
Essa diferença não chega a um milhão de barris diários, segundo Rato, enquanto nos anos 90 era de três a cinco milhões. A estreita margem entre consumo e produção possível explica a extraordinária alta do petróleo, de acordo com o FMI.