Título: BC age cinco vezes
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 01/04/2011, Economia, p. 10

Mercado

O Banco Central elevou ontem o esforço para conter a queda do dólar. Realizou cinco leilões ¿ três de compra de dólar no mercado à vista e duas ofertas de swap cambial (aquisição de moeda no mercado futuro) ¿, quando, normalmente, faz duas intervenções. Mas a ação do BC gerou pouco resultado. Os agentes financeiros não atribuíram importância às operações, e a divisa americana encerrou o pregão com sutil alta de 0,12%, cotada a R$ 1,631. Mas, no mês, acumula queda de 1,92%, a maior variação percentual negativa no ano. No primeiro trimestre, o tombo chega a 2,11%.

¿Ninguém acredita no dólar assim. Não há medida do governo com poder de reverter o quadro. As macroprudenciais e as altas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) só tiveram impacto para os residentes¿, analisou o economista Cesar Bergo, diretor da Planner Corretora. Ele avalia que a cotação da moeda americana, levando em conta a conjuntura de depreciação global, chegará, em breve, a R$ 1,60. ¿O BC pode alterar aí uns dois ou três centavos. O governo está atado, porque não pode atuar muito na ponta compradora, e o mercado está atônito, tendo que assistir aos atritos entre a equipe econômica e o Palácio do Planalto¿, complementou.

Ricardo Lorenzet, especialista em câmbio da XP Investimentos, concordou que a tendência é de baixa do dólar a curto prazo, a menos que o mundo, repentinamente, retome a aversão ao risco. Para Lorenzet, o presidente do BC, Alexandre Tombini, demonstrou ontem que será duro em novas ações para minimizar a farra do câmbio, mas faltou explicar como fará isso. ¿(Tombini) não deixou claro como, quando ou o que virá. O discurso ficou vazio. Até porque ele não tem muito o que fazer¿, explicou Lorenzet, em referência a declarações dadas pelo presidente do BC em café da manhã com deputados.

Operadores também destacam que agora o Banco Central está centrado em acabar com os ganhos das instituições financeiras nas operações de câmbio, que ainda são grandes. Ontem, as ações dos bancos sustentaram a alta do Ibovespa, de 0,87%.

Novas regras no Tesouro Direto O governo alterou ontem o regulamento do Tesouro Direto ¿ programa que permite que pessoas físicas comprem títulos públicos do governo. As novas regras determinam que as instituições que recebem os cadastros dos clientes informem à BM&Fbovespa e aos investidores as taxas cobradas na prestação do serviço e o prazo de repasse dos ganhos líquidos com os papéis. Também foram alteradas as punições para os aplicadores que deixarem de pagar uma compra. Antes, a suspensão em caso de inadimplência era automática. Agora, o usuário receberá por e-mail uma advertência, informando que sofrerá sanções em caso de reincidência. Nesse caso, o participante será impedido de realizar transações, respectivamente, por 30, 60 e 90 dias.