Título: Economia mundial crescerá 5%, diz FMI
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Internacional, p. A-9

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua previsão do crescimento econômico mundial em 2004 para 5%, o maior nível das últimas três décadas. A última vez que o crescimento chegou perto desse patamar foi em 1984, quando atingiu 4,8%, segundo o Fundo. No relatório semestral "Perspectiva Econômica Global", divulgado ontem por ocasião de sua assembléia do FMI e do Banco Mundial, neste fim de semana, a instituição afirmou que a expansão, embora permaneça sólida, deverá se enfraquecer. Para 2005 a previsão foi reduzida para 4,3% ante os 4,4% divulgados em abril.

O economista-chefe do FMI, Raghuram Rajan, disse que o balanço de riscos ficou mais inclinado para o lado negativo, e que é uma preocupação a volatilidade adicional dos preços do petróleo. Ainda assim, afirmou que o salto dos preços deverá ter impacto apenas moderado no crescimento e na inflação do mundo industrializado. Mas avalia que os mercados emergentes são mais vulneráveis, e alertou os bancos centrais a ficarem vigilantes. "Embora os aspectos negativos dos riscos tenham aumen-tado, o crescimento continua robusto acima da tendência, e os países deveriam aproveitar o ambiente relativamente benigno para recriar o espaço para manobras de políticas, enquanto assegurar a recuperação", afirmou Rajan.

Segundo ele, a política monetária terá de ser pró-ativa para proteger a economia das pressões inflacionárias que podem surgir com o aumento do petróleo, o que poderá requerer um aumento do juro maior que o mercado espera. As preocupações com a deflação, que apareceram no cenário de 2003, foram substituídas neste ano por temores de que a inflação possa reaparecer.

O Fundo afirmou que os Estados Unidos são o principal motor do crescimento global, com forte apoio da Ásia e maior atividade na América Latina e na África Subsaariana. E reduziu a perspectiva para o crescimento dos EUA em 2004 para 4,3%, ante a previsão anterior de 4,6%, e em 2005 para 3,5%, ante os 3,9% previstos em abril. "É uma queda, mas não ladeira abaixo", completou Rajan.

Sobre a China, o FMI afirmou que o país deveria flexibilizar o regime cambial para ajudar a controlar a inflação doméstica e trazer mais equilíbrio para a economia global.

O Fundo afirmou ainda que a recuperação da zona do euro está a caminho, mas continua relativamente fraca. Neste ano a região deverá crescer 2,2%, 0,4 ponto percentual a mais que o estimado em abril. O FMI recomendou que a região continue adiante com a aplicação de reformas. A recuperação permanece em níveis moderados e continua dependendo, em boa medida, da demanda externa, aponta o Fundo. Segundo a instituição, "enquanto a produção industrial e a confiança empresarial melhoram gradualmente, a confiança dos consumidores e as vendas a varejo continuam baixas". O relatório está disponível no site do FMI, www.imf.org.