Título: Embraer quer dobrar receita de defesa
Autor: Virgínia Silveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Transporte & Logística, p. A-11

Diversificação visa deixar a empresa menos dependente das vendas de jatos comerciais. A Embraer prevê dobrar em cinco anos a participação dos negócios da área de defesa na receita global da companhia. A meta da empresa para os próximos dois anos é que essa participação seja de 20%. Em 2003 as vendas de produtos militares da Embraer representaram cerca de 13% da receita obtida no período.

Diversificação estratégica

A diversificação é uma estratégia adotada pela Embraer para garantir maior equilíbrio da receita, hoje 90% dependente das vendas de jatos comerciais. Um dos focos da empresa é área de sistemas de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR), desenvolvidos por ela e testados com sucesso pelo Sivam, no Brasil e países como México e Grécia.

A vitória da Embraer, liderada pela Lockheed Martin, na concorrência para o fornecimento de aeronaves de vigilância ao Exército dos Estados Unidos, segundo o diretor presidente Maurício Botelho, terá um impacto financeiro importante para a área de defesa da companhia. Tanto que já começou a construir uma unidade industrial em Jacksonville, na Flórida.

Segundo Botelho, a Embraer terá uma participação relevante no contrato que prevê o fornecimento de 38 aviões, avaliado em US$ 7 bilhões, ao longo dos próximos 20 anos. "O sistema de defesa americano aceitou a Embraer como fornecedor num mercado em que nós temos uma competitividade diferenciada e quase nenhum concorrente". Para o executivo , o sistema ACS (Aerial Common Sensor), que tem os aviões baseados na plataforma do jato ERJ-145 da Embraer, é um programa de supervisão muito avançado que terá prioridade na pauta de exportação dos Estados Unidos, beneficiando a empresa brasileira.

A área de defesa da Embraer também cresce por conta das encomendas da Força Aérea Brasileira (FAB), com contratos que vão gerar uma receita superior a US$ 1 bilhão nos próximos três anos . Só a modernização de 53 caças AMX, anunciada mês passado, está avaliada em US$ 400 milhões. Dos US$ 300 milhões reservados pela Aeronáutica aos projetos da Embraer em 2004, 10% serão alocados para o AMX, 45% para a modernização de 47 caças F-5 e o restante para a produção do avião de treinamento e ataque leve ALX. Orçado em US$ 285 milhões, o programa de modernização do F-5 foi iniciado em 2003. Oito aeronaves foram entregues à Embraer e já iniciaram os trabalhos de modernização em Gavião Peixoto.

Aviação corporativa e área de serviços também são vistas pela Embraer como estratégicas. Segundo Botelho, embora o segmento de jatos executivos esteja passando por uma fase de retração, a expectativa é que ele seja incrementado nos próximos anos. "Ainda estamos vivendo um processo de aprendizado de um novo negócio, num mercado extremamente competitivo, mas com grande potencial", afirma.

Novos produtos

O lançamento de novos produtos nessa área, segundo o executivo, também está sendo estudado. A Embraer vendeu um total de oito jatos executivos Legacy este ano, sendo que três já foram entregues. A mais recente venda foi para um cliente da China na semana passada, mas o modelo já foi exportado também para a Rússia, Kwait, Arábia Saudita, Suíça, Estados unidos, Grécia, entre outros.