Título: IGP-M e recuo do petróleo derrubam dólar e juros futuros
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

A divulgação do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e a queda na cotação do petróleo ajudaram ontem a derrubar o dólar e os juros futuros. Os números também refletiram a elevação do rating do País, por parte das agências internacionais de classificação de risco. Outro indicador que apresentou melhora foi o risco-Brasil, divulgado pelo banco JP Morgan Chase.

No mercado de câmbio, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 2,855, uma queda de 0,42%. Hoje, se não ocorrer uma grande surpresa, o dólar deve fechar seu quarto mês seguido de queda. A divulgação do IGP-M de setembro, que ficou em 0,69%, contra uma projeção de 0,91%, ajudou na valorização do real. A inflação no atacado vinha sendo apontada como um dos principal fatores de pressão sobre os preços. "A inflação menor se juntou a um cenário já bastante favorável e reforçou a tendência de desvalorização do dólar", diz Adauto Lima, economista do banco WestLB.

Outro fator que ajudou na desvalorização do dólar foi a queda nas cotações do petróleo. Ontem, na Bolsa Mercantil de Nova York, o barril tipo WTI fechou em queda de 0,78%, cotado a US$ 49,51. "O recuo na cotação, embora pequeno, é importante porque se os preços ficarem em um patamar muito alto vão frear o crescimento econômico global", diz Lima.

Daqui em diante, a tendência de queda da moeda norte-americana, por conta da melhora dos indicadores, deve perder força. Segundo comunicado da corretora NGO, o mercado de câmbio já assimilou todos os aspectos favoráveis da economia brasileira e fatores como inflação e melhora do rating já não repercutem ou influenciam a formação da cotação da moeda. "O dólar agora, a partir dos níveis atuais, refletirá diretamente somente os efeitos do fluxo, exceto se ocorrerem tempestades no percurso", diz o comunicado.Os juros futuros também refletiram ontem os números do petróleo e do IGP-M. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), a maior parte dos contratos de Depósito Interfinanceiro registrou queda, principalmente os de prazo mais longos. Os contratos com vencimento em abril de 2005, os de maior liquidez com 147 mil transações, projetam um juro anualizado de 17,03%, uma queda de 0,09 ponto percentual. O maior recuo foi verificado nos contratos para julho de 2007 - de 0,26 ponto percentual - para um juro anualizado de 17,83%.

A queda dos juros futuros no curto prazo não foi maior porque, segundo analistas, os números já estão contaminados por fatores como um provável aumento dos combustíveis após a eleição e alta dos preços administrados pelo governo no começo de 2005, fatores com forte impacto inflacionário. "Mesmo que a cotação do petróleo recue um pouco, está em um nível tão alto que a expectativa é de que a Petrobras repasse para o consumidor após as eleições", diz uma fonte.

Na área internacional, o risco-Brasil, índice que mede a confiança do investidor no País, chegou a recuar ontem 2,69%. No fim do dia, fechou em queda de 1,7%, ficando em 474,92 pontos. Só em setembro, o risco-Brasil já caiu 8,9%. O C-Bond, principal título da dívida externa brasileira, ficou estável, negociado a 98,68% do valor de face. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Jiane Carvalho)