Título: Exportações de camarão aos EUA diminuem 54%
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Agribusiness, p. B-12

As exportações de camarão para o mercado norte-americano, que eram em média de 21,8 mil toneladas/ano, sofreram redução de 54% de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período do ano passado - uma queda de 3,5% no faturamento das empresas.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão, Itamar Rocha, o desempenho negativo contraria a tendência de crescimento da atividade, que vinha sendo registrado nos últimos seis anos. "A expectativa era produzir 117 mil toneladas do crustáceo e exportar 76 mil, com receita de US$ 300 milhões", informou.

Rocha atribui o fraco resultado à redução de financiamentos públicos para o custeio e investimentos em novas tecnologias de produção e à ação anti-dumping movida pela Associação de Pescadores de oito Estados do Sul dos EUA, alegando que o Brasil e mais cinco países estavam comercializando o crustáceo com preço menor do que o custo de produção, em prejuízo da indústria de pesca extrativista norte-americana.

A entidade americana anunciou que depois da denúncia o Departamento de Comércio Exterior dos EUA abriu processo para investigar as acusações e aplicou sanções ao Brasil, China, Índia, Tailândia, Equador e Vietnã, que implicam taxações para os importadores, no caso brasileiro, estabelecida em 23,6%, enquanto a Tailândia, maior exportador, foi taxada em 6,39%.

O Congresso Nacional vai nomear uma comissão para intermediar negociações com o Congresso norte-americano. Ele afirmou que a justificativa a ser apresentada é a de que 96% do camarão brasileiro são produzidos no Nordeste, região que concentra atributos naturais, mas detém alto índice de desemprego e precisa da atividade indutora de desenvolvimento, já que é capaz de gerar 3,75% empregos por hectare, sendo 90% de mão-de-obra sem qualificação profissional, e 14% de mulheres, empregadas nas indústrias de processamento.

O mercado norte-americano, maior importador do crustáceo no mundo, deve ser preservado, uma vez que o Brasil tem pretensão de ser líder no setor nos próximos 10 anos e precisa manter a competitividade para alcançar essa meta.