Título: Bahia receberá R$ 25,9 bilhões em investimentos
Autor: Alvaro Figueiredo
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B13

Os projetos industriais em nove complexos da atividade econômica deve gerar 104 mil empregos até 2008. A sólida política de incentivos estabelecida pelo governo baiano consolida a produção e atrai novos investimentos. Os resultados podem ser verificados pelos índices de crescimento econômico, ampliação do fluxo, recursos, novos projetos, e implantação de grandes corporações. O crescimento de 3% no Produto Interno Bruto do estado verificado no último exercício, corresponde ao volume de R$ 75 bilhões gerados, e participação de 5% no PIB do País.

Esta política, viabilizada por fatores como situação econômica confortável, controle da dívida pública e a conseqüente credibilidade financeira internacional, obtidos por meio do ajuste fiscal e financeiro, é um dos fatores responsáveis pela perspectiva de investimentos industriais a realizar-se até 2008, estimados em R$ 25,9 bilhões, resultado da implantação de 446 projetos, 13 eixos de desenvolvimento e nove complexos de atividade econômica, que reúnem empreendimentos que prometem gerar 104 mil postos de trabalho.

"No aspecto fiscal o estado está saneado, paga compromissos pontualmente e capta recursos com facilidade. A relação entre a dívida e receita corrente líquida está em 1,3, abaixo portanto do limite de 2,0 estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o que significa que temos capacidade de endividamento", explica o Secretário de Planejamento, Armando Avena, lembrando que isso representa potencial de investimento próprio e torna o estado atrativo a novos investimentos. "Nos últimos três anos temos investido 12% de nosso orçamento com recursos próprios, e a expectativa de crescimento está entre 4,5 e 5%, acima do percentual previsto para o País", garante o secretário.

Grande parte dos investimentos contratados tem previsão de implantação para o próximo ano, e as indicações são de que o crescimento tende a se manter.

Geração de empregos

Empreendimentos como da Veracel, de US$ 1,2 bilhão, Pneus Continental e Petrobras, com a construção de plataforma de petróleo orçada em US$ 300 milhões, são exemplos de grandes aportes que devem se consolidar no período, ampliando a geração de empregos formais. Este ano o saldo entre demitidos e admitidos com carteira assinada chega a 50 mil, de acordo com dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), órgão vinculado à Secretaria do Planejamento (Seplan). Os complexos calçadista, têxtil, confecções e agroalimentar são os maiores geradores de novos postos de trabalho, totalizando 57% dos empregos diretos previstos. São postos que exigem capacitação e que surgem em áreas antes inexistentes.

O Governo tem atendido as necessidades específicas de cada setor, preparando trabalhadores em centros de formação profissional, que qualificam a mão-de-obra para os diferentes segmentos. "Isto significa que a Bahia está mudando seu perfil industrial, deixando a especialização em commodities para gradualmente produzir bens de consumo duráveis", destaca Armando Avena, citando como exemplo o fato de que o segundo item da pauta de exportações agora são os automóveis, tomando o lugar de derivados químicos e produtos agrícolas. O aumento das exportações de bens duráveis cresce mais que o de bens básicos.

Situação privilegiada

No que se refere a atrativos o estado está em situação privilegiada. Tem boa infra-estrutura, incentivos seletivos, uma localização física estratégica no centro geográfico do País e estrutura portuária dotada de três portos especializados e tarifas competitivas, que estudam ampliação urgente. O Porto de Aratu, por onde passam os carros da Ford Nordeste, inaugura, até o final do ano, o terminal exclusivo de Ponta da Laje, para embarque e desembarque de veículos, que assumiram a liderança entre os produtos exportados no primeiro semestre, com participação de 15,36% no volume total.

As vendas de veículos da Ford para o exterior pularam de US$ 140 milhões, no primeiro semestre de 2003, para US$ 256,9 milhões nos seis meses de 2004, registrando alta de 82,6%. A Ford inaugurou seu complexo em outubro de 2001 com investimentos de US$ 1,9 bilhão, sendo US$ 1,2 bilhão da Ford e US$ 700 milhões de fornecedores que trabalham integrados à linha de produção modular seqüenciada.

Os resultados da Ford e seus 32 sistemistas despertaram interesse de indústrias que mantêm ritmo crescente na implantação de novas unidades no Pólo de Camaçari, a exemplo de mais duas empresas, a Viapol e a Tor, que assinam protocolo de intenções com o governo e vão aplicar R$ 20 milhões para instalar em Camaçari unidades de produção de revestimentos internos para automóveis utilizando fibra do coco. As duas devem empregar 100 pessoas e prometem implantar o projeto de reciclagem que beneficiará cooperativas de catadores de coco, contemplando pessoas carentes, com reflexos na preservação do meio ambiente.

A expectativa em atrair investimentos foi reforçada no início do ano com o lançamento do Pelt Bahia, um programa de logística de transportes destinado a identificar gargalos que ao mesmo tempo representam entraves e oportunidades de negócios. Iniciado em 2003, com a contratação da consultoria Booz, Allen & Hamilton, pelo governo estadual, o levantamento identificou pontos críticos em municípios como Juazeiro, a 500 quilômetros, e Ilhéus, a 460 quilômetros de Salvador, locais que apresentam interseção no transporte de diferentes produtos como frutas, combustíveis e grãos, que requerem terminais, equipamentos e estradas. Entre as prioridades está a recuperação de 1.276 quilômetros de rodovias estaduais, obra de R$ 27,5 milhões.

Investimentos de R$ 9,6 milhões, considerando intervenções estaduais em infra-estrutura básica, R$ 1,2 milhão em equipamentos da linha de produção, implantaram na semana passada a Calçados Conceição do Almeida, primeira fábrica do grupo gaúcho Henrich no estado. A iniciativa na pequena cidade do Recôncavo, deve gerar 600 empregos diretos. Até o final do ano, serão 140 novos postos.