Título: Ceará exporta mais que São Paulo e Santa Catarina
Autor: Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-14

Os US$ 131,5 milhões levam em conta o volume de exportações de frutas frescas, cultivadas pelo sistema de irrigação. O Ceará embarcou ao exterior, no ano passado, o equivalente a US$ 131,5 milhões, liderando o ranking do setor, à frente da Bahia, São Paulo e Santa Catarina. Os números levam em conta o volume de exportações de frutas frescas, cultivadas pelo sistema de irrigação, caso do melão, abacaxi, mamão, entre outras, que renderam o equivalente a US$ 21,6 milhões, somadas às exportações de castanha de caju, com US$ 109,9 milhões. "Esse desempenho reflete o crescimento do agronegócio cearense", diz o gerente do Sistema de Informações Agrícolas (Siga), da secretaria da Agricultura e Pecuária (Seagri), Sérgio Baima, que trabalha com previsões ainda mais ambiciosas para este e os próximos anos. "A meta para 2010 é chegar a US$ 335 milhões em exportações, somando US$ 135 milhões de frutas frescas e US$ 200 milhões da castanha", adianta.

O estado vem colhendo resultados promissores nos últimos anos. Em 1999, os produtores exportaram US$ 1,935 milhão em frutas, montante que saltou para US$ 21,6 milhões, no exercício passado, crescimento de 914%. A área plantada evoluiu de 18 mil hectares cultivados, em 1998, para 26,7 mil no ano passado, aumento de 48%. As projeções de Baima sinalizam para 50,8 mil hectares em 2010, incremento de 182% no período.

O melão mantém a liderança entre as frutas frescas cearenses e, com a conquista do título de Área Livre da Mosca-das-Frutas, no final do ano passado, as perspectivas são ainda mais animadoras, admite Baima. O Ceará é o segundo maior exportador de melão do Brasil, atrás apenas do Rio Grande do Norte. As exportações cearenses da fruta saltaram de US$ 1,9 milhão, em 1999, para US$ 18,6 milhões em 2003, expansão de 974%. Para 2004, a expectativa é que o volume de exportações atinja US$ 23 milhões.

Boa performance também no abacaxi. Os embarques da fruta cultivada pela multinacional Del Monte em terras cearenses devem render o equivalente a US$ 6 milhões neste 2004, primeiro ano de exportação da empresa. O produto, dirigido ao mercado europeu, vai garantir ao Ceará a condição de maior exportador da fruta do País e único estado a comercializar regularmente para a Europa. De acordo com Baima, a empresa pretende exportar US$ 10 milhões em 2005 e dobrar este número em 2007.

A Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria, realizada em meados deste mês, em Fortaleza, com negócios em torno de US$ 5,5 milhões em exportações de melão, abacaxi e rosas de todo o País, além outros R$ 30 milhões em vendas nos 350 estandes da feira, oferece uma idéia da evolução do setor.

Novas conquistas

Mesmo com volume de exportações, inferior aos US$ 7 milhões inicialmente projetados, o encontro garantiu conquistas importantes, assegura Euvaldo Bringel Olinda, presidente do Instituto Frutal e idealizador do encontro. De acordo com o dirigente, o encontro consolidou negócios importantes para o País e, além disso, confirmou a instalação de empresas estrangeiras ("breeders"), no Ceará. "A história da floricultura do Brasil mudou", diz, numa referência a Agriflor, acontecimento paralelo à Frutal e realizada pela primeira vez. "Passamos dois anos tentando trazer ao Estado a Agriflor, e os breeders", comemora.

O encontro também abriu perspectivas para negócios da ordem de US$ 5 milhões em flores nos próximos 5 anos, via Projeto Setorial Integrado de Promoção das Exportações de Flores do Ceará, financiado pela Apex - Brasil, que trouxe para a feira importadores da Inglaterra, Portugal. "Possibilitou ainda a presença da Florimex, empresa internacional que possui escritórios em 50 cidades no mundo", acrescenta o gerente de floricultura da Seagri, Rubens Aguiar.

A Nirp International S.A - a terceira mais importante empresa melhorista do setor de rosas do mundo, baseada na região de Nice, na França, outra conquista da edição 2004, confirmou o interesse de implantar uma área experimental na região de Ibiapaba, no Ceará, a partir de 2005. "Os bredeers são responsáveis pelos lançamentos no mercado mundial e a investida permitirá o desenvolvimento de variedades específicas para o Estado", observa o gerente da Seagri ao assinalar que o Ceará foi o primeiro do País se adequar às exigências internacionais de proteção de cultivares de rosas.

Além de introduzir novas variedades, reconheceu o direto de proteção, pagando royalty, e em condições de exportar regularmente. "Hoje estamos trabalhando com duas variedades que estão entre as cinco mais comercializadas do mundo, a Passion e a Akito", informa. A breeder holandesa Deruiter¿s, considerada uma das cinco melhores do setor no mundo, já instalou uma estufa em Ubajara, serra da Ibiapaba há cerca de 2 meses. Aguiar anuncia ainda que a Swart, empresa baseada em Holambra, São Paulo e especializada na produção de rosas também instalou "um hectare de cultivo no Estado". O projeto global, na Serra da Ibiapaba, alcança 10 hectares e, pela contas do gerente da Seagri, cada hectare corresponde a investimento da ordem de US$ 250 mil.

Bringel anuncia ainda parceria com a MacFrut, empresa responsável pelas principais feiras do setor na Itália. Os brasileiros embarcam no próximo ano para com destino a Cesena, onde participam do evento que será realizado de 6 a 9 de maio. "Vamos levar um grupo de empresários cearenses, assegurando total infra-estrutura estandes e espaço para rodadas de negócios", adianta.

Os italianos, por sua vez, ganham espaço na 12a. Semana Internacional de Fruticultura, Floricultura e Agroindústria, que será realizada de 12 a 15 de setembro de 2005. Já foi definida uma rodada de negócios exclusiva para os convidados.

A Ciopora ¿ organização internacional, que defende os interesses dos reprodutores de variedades assexuadas do mundo selvagem reproduzidas, ornamental e da fruta-árvore, também associada ao projeto da MacFrut vai trazer uma equipe de instrutores para cursos de capacitação, que contam com recursos do Eurocentro.

As exportações cearenses de flores alcançaram US$ 800 mil este ano ¿ ou 80% do global negociado em todo 2003, que somou US$ 1,088 milhão, conforme números da Seagri. Aguiar estima embarques da ordem de US$ 3 milhões para 2004.

kicker: As vendas externas de frutas saltaram para US$ 18,6 milhões

kicker2: Produção de flores no estado ganhou novo impulso com a Agriflor