Título: Consumo mostra reação em todo o País
Autor: Luciana Collet
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Relatório - Energia Eletrica, p. 3

Em agosto o crescimento foi de 7,3% em relação ao mesmo mês de 2003. O Norte foi o destaque. A geração de energia elétrica foi 7,3% maior em agosto, em relação ao mesmo mês de 2003. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as geradoras forneceram um total de 43,5 mil megawatts médios (MWmed) ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que corresponde a 98% da energia produzida no Brasil (já que parte do Pará e os estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima fazem parte do sistema isolado). A média mensal de geração ficou 4,2% superior em relação à média verificada nos oito primeiros meses do ano passado.

Os valores computados pelo ONS somam, além da demanda efetiva dos consumidores, a energia perdida no sistema de transmissão e distribuição, entre 15% e 16% do total gerado.

No comportamento das regiões, o destaque foi do subsistema Norte, que apresentou a maior variação positiva na geração, com uma produção 7,8% superior, no acumulado de janeiro a agosto, em relação ao ano passado. Somente em agosto, a região, onde está localizada a usina de Tucuruí, gerou mais de 3 mil MWmed, com uma alta de 15,5% na comparação com o mesmo mês de 2003.

O crescimento na geração do subsistema Nordeste foi o menor, de 3,9%, no acumulado dos oito primeiros meses de 2004. A produção de energia elétrica atingiu os 6,2 mil MWmed em agosto, 5% superior ao gerado no mesmo mês do ano passado. O aumento na produção acumulada foi prejudicado, no início do ano, pelo baixo nível dos reservatórios, o que obrigou as hidrelétricas da região a gerar menos energia para economizar água.

No subsistema Sul, o aumento na geração ficou em 5,7%, no acumulado do ano até agosto, sendo que no oitavo mês a produção foi de 7,1 mil MWmed, 8,2% acima do registrado no mês do ano passado. A elevação no volume de energia produzida no subsistema Sudeste/Centro-Oeste a chegou a 3,7%, totalizando 26,1 mil MWmed.

O comportamento do consumo, apurado pela Eletrobrás, mostra um aumento de 5,2% no fornecimento de energia por parte das distribuidoras em abril ¿ dado mais recente disponível nas estatísticas da estatal ¿ na comparação com o mesmo mês do ano passado. O aumento do consumo de energia no País foi resultado de uma maior demanda por parte das classes comercial e residencial.

No comércio, o aumento chegou a 17% em relação a abril de 2003 e o fornecimento às residências cresceu 9,3%. No entanto, o consumo médio por residência ficou 1,9% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.

O crescimento total no consumo só não foi maior no País devido à baixa elevação da demanda industrial, que ficou apenas 0,6% acima do verificado no quarto mês de

2003. Em abril de 2004, o consumo industrial chegou aos 10,9 mil GWh, mesmo volume registrado em abril de 2000, ano em que o Brasil atingiu seu pico de fornecimento.

O baixo crescimento do consumo das indústrias foi resultado da retração de 3%, verificada em abril, em relação com o mesmo mês de 2003, no consumo das indústrias atendidas pelo submercado Sudeste/Centro-Oeste, que responde por 56% do consumo industrial do País. A queda no subsis-tema registrada pela Eletrobrás não corresponde, no entanto, às informações divulgadas pela Secretaria de Energia do Estado de São Paulo, referentes ao consumo industrial verificado no estado mais industrializado do País no mesmo período.

Segundo a secretaria, o consumo industrial paulista cresceu 8,6% em abril em relação ao mesmo mês de 2003. A variação nos valores pode estar ligada à diferença de metodologia, já que a Eletrobrás não incorpora os consumidores atendidos no mercado livre, enquanto a secretaria computa os volumes da energia distribuída pelas concessionárias que atuam no estado.

Dados mais recentes da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo apontam para um crescimento de 7,5% na demanda industrial por energia elétrica. O consumo por unidade industrial já atingiu a média de 27,7 megawatts-hora (MWh) por mês, frente os 26 MWh mensais apurados em 2003, quando foi verificado um recorde histórico. As indústrias, que representam 45,2% do mercado total de energia no estado, foram as principais responsáveis pelo aumento de 8,5% no consumo paulista de energia verificado em julho.

As residências - com 25,6% de participação no mercado - apre-sentaram 5% de crescimento na demanda em julho e já acumulam elevação de 4% no ano, com consumo total de 14,4 mil MWh. O consumo por unidade residencial atendida ficou nos 176,7 qui-lowatts-hora (KWh), superior aos 173 KWh registrados no ano passado, mas inferior aos 182,4 KWh registrados em 2001,o ano em que o País enfrentou o racionamento de energia.

Já a classe comercial - que representa 17,6% do mercado do Estado de São Paulo - conseguiu uma variação positiva de 5,6% no consumo de energia, em relação à julho de 2003. Nos sete primeiros meses do ano, o segmento comprou 9,9 mil MWh, o que representa um aumento de 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O consumo por usuários comerciais já atinge os 1,35 mil kWh por mês.