Título: Presidente do TST busca solução negociada para encerrar a paralisação
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/10/2004, Nacional, p. A-6

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Vantuil Abdala, assumiu ontem a mediação informal das negociações entre bancários e representantes dos bancos. Um encontro entre o comando da greve - que completa hoje 17 dias - e a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) deve ocorrer já na segunda-feira. Os banqueiros foram convidados para uma reunião, hoje, no TST.

"Temos de evitar o dissídio e chegar a uma solução negociada, pois a greve dos bancos chegou a um ponto perigoso e delicado, com o distanciamento das partes, que radicalizaram suas posições e interromperam o diálogo", afirmou Abdala, depois de uma reunião de quase duas horas com o presidente da Confederação Nacional dos Bancários (CNB), Vagner Freitas, e outras lideranças dos grevistas.

O ministro Vantuil Abdala criticou indiretamente a decisão do vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, Pedro Manus, que ordenou a reabertura das agências do estado com a presença de 60% dos empregados. "Não cabe ao presidente do TST falar da decisão de um TRT. Mas é inconveniente a tentativa de uma solução regional. A melhor solução é a global e negociada", disse Abdala.

O presidente do TST realizou ontem à tarde uma reunião, em caráter informal, com os dirigentes da greve dos bancários, fazendo questão de frisar a informalidade da mediação. Ele disse estar convencido de que os bancários estão dispostos a retomar as negociações com os banqueiros, "embora cientes de que têm de ceder em alguma coisa, assim como o outro lado também tem de ceder".

O presidente da Confederação Nacional dos Bancários falou em nome do presidente da Associação de Funcionários do Banco do Brasil, Valmir Camilo, e dos presidentes dos sindicatos de bancários de Brasília e do Rio de Janeiro, também presentes no encontro de ontem com o ministro Vantuil Abdala. Freitas explicou que os representantes dos bancários aceitaram o convite do presidente do TST porque "temos interesse em resolver o conflito, e estamos tentando reabrir as negociações, sem que os banqueiros respondam aos nossos acenos". "A greve não está enfraquecida, temos sofrido violências por parte das polícias militares, e achamos positiva a oferta de mediação do ministro Abdala", disse Freitas.

Reivindicações

Os empregados dos bancos privados reivindicam um reajuste de 25%, isonomia de tratamento com os bancos públicos, e atendimento ao público em geral das 9h às 17h, a fim de "melhorar o atendimento e criar um novo turno de trabalho, com mais emprego", conforme explicaram os líderes dos grevistas. Os banqueiros não querem rever a proposta de um reajuste superior a 12,8% em média.