Título: Espanholas ficam com a maior parte da receita
Autor: Raymundo de Oliveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/10/2004, Energia, p. A-7

As empresas espanholas foram as grandes vedetes do leilão de linhas de transmissão realizado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Elecnor e Isolux Wat SA levaram 1,435 mil dos 2,8 mil quilômetros leiloados. Além das duas, que participaram isoladamente, entre os vencedores da concorrência também está a Control y Montajes Industriales Cymi SA, segunda maior participante do consórcio Uirapuru com 31%, atrás somente da Eletrosul (44%), e que venceu a disputa pelo trecho de 120 quilômetros entre Ivaiporã e Londrina, no Paraná.

Em relação à receita anual a ser paga pelos novos trechos de transmissão nos primeiros quinze anos do contrato, a Elecnor e a Isolux Wat SA vão ficar com R$ 176,9 milhões dos R$ 280,4 milhões apresentados pelos vencedores. A partir do 15º ano do contrato de com a Aneel (30 anos), a receita das empresas cai 50%. No trecho mais disputado ontem, com receita anual proposta pela Aneel no valor de R$ 164,5 milhões, as três ofertas mais competitivas saíram dos envelopes das empresas espanholas. Elecnor, a vencedora, apresentou uma receita de R$ 98,7 milhões, deságio de 40%, e ficou à frente da Isolux Wat SA, que ofereceu R$ 100,1 milhões, e da Cobra Instalaciones y Servicios SA (R$ 104,7 milhões), também da Espanha. O consórcio Brasil Central, que tinha entre seus participantes as estatais federais Eletronorte e Furnas, ficou em quarto lugar na disputa com R$ 118,3 milhões ofertados, e a espanhola Abengoa.

Segundo o diretor da Elecnor, José Castellanos Ybarra, a empresa já atua em duas linhas de transmissão de energia no Brasil, com cerca de 300 quilômetros. Ele disse que há interesse da empresa em aumentar sua participação no mercado. Júlio Maia, diretor da Isolux Wat SA, também aponta a segurança e os baixos riscos nos contratos de transmissão como atrativos para a empresa. Ele afirma que há interesse em fazer associações com estatais brasileiras de energia para a operação e a manutenção das linhas de transmissão que serão implantadas. Silas Rondeau, presidente da Eletrobrás, considerou boa a participação das empresas da holding. "Nós perdemos e ganhamos", disse. No leilão de setembro do ano passado, as estatais foram os grandes destaques entre as empresas vencedoras.