Título: Concorrentes de Maia tentam forçar 2º- turno
Autor: Sérgio Prado
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/10/2004, Política, p. A-8

Com o fim do horário eleitoral e dos debates ontem, os candidatos que estão atrás de Cesar Maia nas pesquisas de intenção de voto para a prefeitura do Rio de Janeiro vão intensificar a distribuição de material de campanha e as "bandeiradas" até domingo. É uma tentativa desesperada de conquistar o voto dos indecisos - 10% segundo a última pesquisa do Ibope - e levar a disputa a um segundo turno.

O discurso de que ainda dá tempo de virar o jogo foi utilizado durante a semana por todos os candidatos, a exceção do atual prefeito, que detém 45% da preferência dos eleitores. Os concorrentes querem capitalizar as cenas de violência dos últimos dias - únicos incidentes da campanha, que foi morna desde o início - e culpam Cesar Maia pela onda de segurança no Rio, com execuções e acertos de contas entre traficantes e arrastões nas praias.

O agravamento da violência em períodos de campanha eleitoral, no entanto, não é um fenômeno novo no Rio de Janeiro. Em outubro de 1992, poucos dias antes das eleições municipais, um grande arrastão foi filmado na praia de Copacabana. Na época, o prefeito da cidade e vencedor foi César Maia.

Segundo lugar nas pesquisas, com 15%, o candidato do PL, senador Marcelo Crivella disse que não acredita nos levantamentos e que pode surpreender nesta final. "O número de indecisos é muito grande e o índice dos que votam em branco e nulo está altíssimo, passando de 20%, chegando quase a 30%, de tal maneira que nós podemos ter uma virada total?"

Embolado com Crivella, com 13%, Luiz Paulo Conde, do PMDB, também reforça esse coro, assim como o petista Jorge Bittar e Jandira Feghali. "Eleição no Rio se decide na reta final. Tem sido assim nos últimos anos e será assim agora", afirma Jandira.

No interior do estado, a principal surpresa foi a ascensão meteórica do candidato petista e deputado federal Lindberg Farias, em Nova Iguaçu. Ele pode vencer no primeiro turno com uma aliança que reúne siglas tão diferentes quanto o PFL e o PSDB.

De acordo com pesquisa do Ibope realizada entre os dias 23 e 25 de setembro, Lindberg tem 43% das intenções de voto, contra 31% do prefeito Mário Marques (PMDB), candidato apoiado pela governadora Rosinha Garotinho (PMDB), e 12% do deputado federal Fernando Gonçalves (PTB). Nova Iguaçu é o quarto colégio eleitoral do estado. Na prática, sua vitória limitaria os planos eleitorais do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) para 2006, pois são esperadas dele também na capital e em Niterói.

Sete cidades do estado do Rio receberão atenção especial da Polícia Federal: Campos, Carapebus, São Francisco de Itabapoana, Porto Real, Niterói, Duque de Caxias e Nova Iguaçu. Elas foram escolhidas por terem apresentado, na campanha eleitoral, casos de violência e denúncias de irregularidades no sistema de cadastramento do programa Bolsa Família, do governo federal.