Título: Superávit ultrapassa US$ 25 bilhões de janeiro a setembro
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/10/2004, Nacional, p. A-4
Exportações somam US$ 70 bilhões e importações, US$ 45 bilhões. A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 3,17 bilhões no mês passado, valor recorde histórico para meses de setembro. As exportações somaram US$ 8,92 bilhões, com alta de 28,4% pela média diária em comparação a igual mês do ano anterior. As importações, no total de US$ 5,75 bilhões, foram as maiores de 2004 e recorde para meses de setembro. Com os resultados mais recentes, a corrente de comércio acumulada nos últimos 12 meses fechou em nível recorde de US$ 149 bilhões.
No acumulado do ano, as exportações geraram receitas cambiais recordes de US$ 70,28 bilhões, as importações ficaram em US$ 45,16 bilhões e o saldo comercial está positivo em US$ 25,12 bilhões, superior a todo o superávit obtido em 2003. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior espera encerrar 2004 com exportações de US$ 94 bilhões, importações de US$ 62 bilhões, e saldo de US$ 32 bilhões.
Ao divulgar os números, o secretário de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, disse que as exportações tendem a manter-se em níveis elevados, mas as importações deverão apresentar uma expansão maior nos últimos três meses deste ano. "As exportações estão crescendo nas três categorias de produtos. Os manufaturados, de maior valor agregado, têm se destacado com aumentos mais expressivos. Nos esperamos que as importações cresçam mais proporcionalmente às exportações em função da recuperação da produção industrial", estimou o secretário.
Em setembro os embarques de produtos manufaturados renderam US$ 4,82 bilhões, recorde para meses de setembro. As vendas feitas no exterior de produtos básicos somaram US$ 2,65 bilhões e a de semimanufaturados, US$ 1,29 bilhão. Os produtos mais exportados no mês passado foram automóveis (US$ 314 milhões com alta de 10,9% ante igual mês do ano anterior), aviões (US$ 300 milhões, com alta de 161%), laminados planos (US$ 245 milhões com alta de 66,8%), soja em grão (US$ 648 milhões, com alta de 44,5%), minério de ferro (US$ 413 milhões, com alta de 10%), semimanufaturados de ferro e aço (US$ 208 milhões com alta de 28,3%) e celulose (US$ 191 milhões, com alta de 24,2%). Em termos de mercados compradores, as maiores embarques foram destinados para Mercosul (+41,4%), Ásia (+38,5%), Estados Unidos (+34,2%), África (+23,7%), Oriente Médio (+23,1%), União Européia (+15%) e Europa Oriental (+7,9%). Em setembro, a Argentina comprou US$ 663 milhões, volume 45% superior em relação a setembro de 2003.
O Ministério do Desenvolvimento informou que o acréscimo das vendas para os Estados Unidos deveu-se a maiores embarques de produtos siderúrgicos, aeronaves, madeiras, metais preciosos, café e máquinas e equipamentos. No último mês, os importadores compraram US$ 1,99 bilhão em produtos de origem brasileira.
O bom desempenho das importações refletiu o maior dinamismo do setor industrial brasileiro. Dos US$ 5,75 bilhões em aquisições feitas no exterior no mês passado, 37,2% correspondeu a matérias-primas e bens intermediários, 29% referiu-se a combustíveis e lubrificantes (desempenho mais relacionado à alta dos preços que aumento do volume importado), 20,5% abrangeu compras de máquinas e equipamentos e 19,5% em aquisições de bens de consumo.
Segundo Ivan Ramalho, 90% do total das importações estão vinculado à produção industrial. "A meta de superávit será maior que US$ 32 bilhões se as importações não atingirem US$ 62 bilhões, essa última previsão considera uma expansão expressiva das importações neste último trimestre em função da recuperação da produção industrial", comentou o secretário. Ramalho considerou factível a manutenção da corrente de comércio em US$ 150 bilhões. Apesar desse fluxo recorde na corrente de comércio, vale destacar que a participação do Brasil no comércio mundial ainda é pequena, limitando-se a um percentual de 0,7% com base em dados de 2003. Esse percentual é inferior à participação do México (2,3%), Espanha (2,6%), China (5,3%) e Estados Unidos (16,8%), líder mundial.