Título: No FMI, preocupação é com a alta do preço, afirma Palocci
Autor: Edson Álvares da Costa
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/10/2004, Energia, p. A-6
O petróleo foi o principal tema de discussão e grande motivo de preocupação neste fim de semana, no encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington. A informação é do ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, que voltou ontem dos Estados Unidos para votar em Ribeirão Preto, no interior paulista.
"Não se sabe exatamente se o preço do petróleo sobe por efetivo aumento da demanda ou se há algo mais. Se tivermos problemas mais complexos do que a demanda, teremos no médio prazo redução do ritmo de crescimento mundial e impacto inflacionário mundial também", disse o ministro.
O FMI teme que a alta do petróleo interrompa o crescimento da economia mundial, previsto em 5% para este ano, a maior taxa em 30 anos. Segundo Palocci, "há ainda muita incerteza; se a alta do preço for simplesmente uma reação de demanda, a tendência é de que o preço se ajuste, sem impacto inflacionário". Do contrário, "podemos ter repercussão, não apenas na inflação brasileira, mas na inflação mundial".
"Acho que a questão do petróleo tende a se ajustar. Num cenário mais otimista, embora com os preços mais altos ¿ e isso é uma coisa certa ¿¿, não devemos ter grandes impactos na inflação. Como o Brasil está num momento de crescimento, a expectativa de crescimento do PIB está bem acima que a do início do ano, acho que isso não significa para nós nenhum problema importante", declarou.
Ele prevê benefícios para Ribeirão Preto, sua cidade natal, da qual foi prefeito duas vezes. "Como o Brasil construiu ao longo dos anos uma opção energética, álcool, Ribeirão Preto se destacará nesse cenário de dificuldade de energia por liderar a região que é a maior produtora mundial de álcool".
Palocci afirmou que o Brasil foi muito bem sucedido nos encontros do FMI e do Banco Mundial. Segundo ele, os dois temas levados a Washington ¿ acordos preventivos no FMI e a questão da fome no Banco Mundial ¿ fizeram parte das resoluções finais dos dois organismos. "Isso mostra a força que o Brasil adquiriu no campo internacional multilateral", finalizou.
Acima dos US$ 50
Os preços do petróleo encerraram a semana passada em alta, com o barril tipo WTI, negociado em Nova York acima dos US$ 50 pela primeira vez desde 1983. A redução de produção no Golfo do México e as baixas reservas norte-americanas trouxeram preocupações sobre a capacidade das refinarias de produzir destilados antes da chegada do inverno.