Título: As estratégias de Pont e Fogaça para o 2º- turno
Autor: Sérgio Prado
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/10/2004, Política, p. A-10
O petista Raul Pont e José Fogaça, do PPS, vão se enfrentar no 2turno das eleições em Porto Alegre. A missão de Pont, primeiro colocado no pleito de ontem, é ter o quinto mandato consecutivo do PT na capital gaúcha, hegemonia iniciada em 1989 com o hoje ministro das Cidades, Olívio Dutra. Já o ex-senador Fogaça, com apoio de grande parte dos candidatos que não passaram à segunda fase da eleição, busca evitar que o PT atinja 20 anos no poder.
Fogaça, que concorre coligado com o PTB, não terá dificuldades para receber adesão de Vieira da Cunha (PDT), Mendes Ribeiro Filho (PMDB) e de Jair Soares (PP). A costura mais complicada pode ocorrer com Onyx Lorenzoni (PFL), que na tentativa de chegar ao 2 turno atacou Fogaça nos últimos debates. A sede por remover o PT da prefeitura, porém, deve levá-los a esquecerem as diferenças.
Pont deve receber apoio apenas de Beto Albuquerque, do PSB, um dos líderes do governo Lula na Câmara dos Deputados. Ele deu a entender ontem que buscará apoio de personalidades ligadas aos partidos adversários, causando defecções na oposição. Hoje deputado estadual, Pont foi prefeito de Porto Alegre (1997/2000), eleito no 1 turno - no mandato anterior foi vice do ministro da Educação, Tarso Genro.
Simulação de 2 turno do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) publicada ontem mostra Pont com 43% e Fogaça com 38,1%. O resultado é considerado empate técnico, já que o levantamento tem margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
O debate até a eleição deverá ser ameno. Na campanha Fogaça adotou tom moderado, sem atacar a administração petista, reproduzindo a postura do governador Germano Rigotto (PMDB) no pleito de 2002. Fogaça repete: mudará o que considera ruim e promete manter realizações do PT, como o Orçamento Participativo. "A estratégia não muda", disse ontem Fogaça após divulgação da pesquisa boca-de-urna. Pont vai na linha. "Faremos campanha propositiva e prestar contas do que já fizemos", adiantou.