Título: Confirma-se a quebra da hegemonia de ACM
Autor: Sérgio Prado
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/10/2004, Política, p. A-10
Confirmou-se a quebra da hegemonia do senador Antonio Carlos Magalhães, em Salvador. Nas eleições de 1996 e 2000 ele venceu no primeiro turno com Antônio Imbassahy ¿ quando reeleito teve índice de aprovação superior a 80% entre os maiores do País. Agora, o candidato de oposição à coligação liderada pelo senador Antônio Carlos Magalhães, deputado estadual João Henrique (PDT) batia folgadamente, com 43% dos votos válidos, o candidato Cesar Borges (PFL) com 24%, de acordo com as pesquisas de boca de urna.
Nelson Pellegrino (PT/PV/PCdoB) também surpreendeu, registrando 18% e superando Lídice da Mata (PSB/PMDB/PPS/PCB), com 11%, enquanto Benito Gama (PTB), Rogério Tadeu da Luz (PSDC) e Angela Faria (PRTB) estavam com 1% dos votos válidos cada um no início noite.
Nas atividades de boca de urna, consideradas ilegais mas toleradas na maioria das cidades do País, os militantes do PT foram mais ativos. O pessoal que distribuía santinhos de Cesar Borges mostrava certo desânimo, indicando que o candidato já assumira o ônus de não emplacar de primeira.
Conformado com a perda de espaço, o senador Antônio Carlos Magalhães mostrou tranqüilidade e disse que no segundo turno é que o eleitor decidirá mais serenamente. ACM pareceu preparado para sofrer uma das raras derrotas de um candidato seu. Comenta-se que o senador Cesar Borges não se entusiasmou pela volta ao executivo , muito menos para administrar uma cidade com desafios da complexidade de Salvador.
Outro aspecto que pode estar tranqüilizado o experimentado cacique político, é o fato de que o nome de João Henrique, com livre transito entre as bancadas e uma postura de centro, não representa os riscos da oposição ferrenha desempenhada quando a então prefeita Lídice da Mata. Ele recusou-se até mesmo a reunir-se com o então governador ACM para discutir temas comuns.