Título: Primeiro turno destaca novas lideranças
Autor: Sérgio Prado
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/10/2004, Política, p. A-10
Voz suave, semblante conciliador, o economista Fernando Pimentel surge das urnas como uma das estrelas do primeiro turno, ao ser reeleito em Belo Horizonte , capital de Minas, com a estrela do PT no peito. Ainda desconhecido País afora,Pimentel ascendeu ao posto devido à doença do titular Célio de Castro. Agora, ele soube dosar a campanha com propostas de longa maturação, como saneamento básico, e imediatas no campo do combate à pobreza, com a criação de restaurantes populares na capital mineira.
Sua vitória tem destaque ainda maior, quando se leva em conta o fato de ter concorrido contra João Leite (PSB), afilhado e ex-secretário do governador tucano Aécio Neves. A Pimentel juntam-se outros petistas que foram reeleitos em capitais como Recife, Aracajú e a segunda cidade paulista, Guarulhos.
Pela ordem, João Paulo, Marcelo Déda e Elói Pietá tiveram a aprovação de seus governados. E firmam-se como novas lideranças no partido de Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda no campo governista, o atual prefeito petista de Porto Alegre, Raul Pont, saiu do primeiro turno com boa margem para bater seu concorrente, o ex-senador José Fogaça (PPS). De acordo, com os institutos, ele apenas adiou para 31 de outubro, a conquista do quinto mandato consecutivo do PT.
No Rio, o prefeito César Maia (PFL) confirmou seu favoritismo no primeiro turno. Em Manaus, a previsão de que Amazonino Mendes (PFL) venceria na primeira etapa foi frustrada. Diante deste quadro, Maia desponta como o nome mais bem situado dentro da legenda, avalia a professora Maria do Socorro Souza Braga, do departamento de ciência política da Universidade de São Paulo (USP). Afinal, o atual presidente pefelista Jorge Bornhausen sequer teve candidato próprio em Florianópolis, a capital catarinense.
E outro expoente do partido, o senador baiano Antonio Carlos Magalhães por pouco não viu seu candidato César Borges, que também tem mandato no Senado, ficar fora da segunda etapa do pleito. Por isso, políticos como o ex-ministro da Previdência e deputado federal Roberto Brant (PFL) entendem que Maia é um das alternativas, se o partido decidir ter um candidato próprio para concorrer à Presidência da República, em 2006.
A disputa do Palácio do Planalto está no centro da corrida pela prefeitura da maior cidade do País. Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB) vão ao segundo turno, numa disputa que poucos se arristam uma previsão.
Na avaliação da professora Maria do Socorro, da USP, para os tucanos vencer em São Paulo seria ainda mais importante do seria aos petistas. De certa forma o ex-ministro da Saúde também recupera-se da derrota sofrida para Lula, em 2002, quando a Presidência da República. "O ganho para o PSDB seria muito maior", diz a analista. Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reconhece que a eleição de Serra poderia quebrar a hegemonia do PT.