Título: Eletrobrás prepara seu ADR nível 2
Autor: Lucia Rebouças
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/10/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

Empresa está finalizando os preparativos para negociar seus papéis na Bolsa de Nova York. A Eletrobrás está finalizando os preparativos para negociar suas ações na Bolsa de Nova York (Nyse, na sigla em inglês), via American Depositary Receipts (ADR). A data ainda não está definida. Desde de 1995, empresa tem o ADR nível 1, que só permite negociação no mercado de balcão. Para passar a ser negociada em bolsa, a companhia tem de migrarpara o ADR Nível 2, e esta entrada ampliará sua visibilidade entre os investidores externos, o que facilitará uma futura captação com o lançamento de ações ou mesmo com outros títulos, como debêntures.

A preparação inclui a adaptação à legislação contábil americana (USGAAP) e às determinações da Lei Sarbannes-Oxley - condições exigidas para obter o sinal verde da Security Exchange Commission (SEC), que regula o mercado de ações americano.

Nesta semana, o presidente da Eletrobrás, Silas Rondeau, estará nos Estados Unidos, onde participará de um "road show" para investidores estrangeiros. Serão realizadas apresentações sobre as perspectivas da companhia no Brasil e no exterior para acionistas da Eletrobrás e para interessados nos papéis da empresa, conforme informações da empresa divulgadas na última sexta-feira.

Além de tornar transparente a comunicação com investidores estrangeiros, as palestras têm o objetivo de chamar a atenção para os papéis da holding estatal. Na semana passada, o diretor financeiro da companhia, José Drumond Saraiva, participou na Europa de encontros também para investidores, promovidos pelo banco JP Morgan. As ações da empresa já são negociada na Bolsa de Madri.

Estrangeiros

No mercado, sua negociação na Nyse é esperada há muito tempo. Analistas acreditam que Eletrobrás tenha colocado para si o modelo de Petrobras, que teria se tornado um verdadeiro referencial para ela. Se, de fato, seguir os passos da estatal do petróleo, também deverá captar recursos no mercado internacional. Atualmente, Eletrobrás já está entre os papéis preferidos pelos investidores estrangeiros.

A Eletrobrás tem hoje mais de 100 mil acionistas no Brasil e no exterior. Das ações ordinárias da companhia (com direito a voto), que respondem por 84,2% do total, 58,4% pertencem à União. Entre as ações preferenciais, que eqüivalem a 15,8% do total, os investidores estrangeiros respondem por 25,1%, o que já demonstra a boa aceitação dos papéis da empresa no exterior.

De acordo com Carlos Viana Nunes, economista da Técnica Assessoria de Mercado de Capitais e Empresarial, os investidores tem bons motivos para gostar das ações da empresa. Como exemplo cita sua situação na relação ativo passivo: "a Eletrobrás tem dívidas de R$ 4 bilhões e créditos a receber de R$ 40 bilhões."

Além disso, vem reduzindo o endividamento, que é parte da estratégia de atuação adotada pelo governo de modo geral. Pela sua própria estrutura, pode ser considerada como um banco do setor elétrico. "Funciona mais como financiadora do setor do que como operadora", diz.

Em setembro, Eletrobrás ON valorizou 13,7% em relação ao mês anterior. De janeiro a setembro deste ano, o papel subiu 31,5%, superando de longo o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) no mesmo período - alta de 4,54%.

No primeiro semestre, de acordo com análise setorial feita pela Técnica, sua rentabilidade sobre o patrimônio ( de 2,95%) ficou acima da média do mercado de 2,82%. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o resultado foi bem atraente. Nos primeiros seis meses de 2003, havia registrado perda de 2,64%.

Lucro Maior

Ainda conforme a análise da Técnica, o lucro líquido da empresa no primeiro semestre foi de R$ 2,07 bilhões, quando no período anterior tinha registrado um prejuízo de R$ 1,72 bilhão. O patrimônio líquido da companhia era de R$ 70,42 bilhões, em comparação aos R$ 65,43 no primeiro semestre do ano passado. kicker: Presidente da estatal vai aos Estados Unidos para falar da companhia aos investidores