Título: HSBC reforça a atuação no varejo
Autor: Ivanir José Bortot
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/10/2004, Finanças & Mercados, p. B-2

A estratégia visa elevar o lucro sobre o patrimônio líquido de 19% para 25% no ano que vem. O presidente executivo do HSBC, Emilson Alonso, acredita que com a ampliação das operações de varejo em um ambiente de crescimento da economia será possível elevar o lucro sobre o patrimônio líquido do banco para 25% em 2005. No último balanço do banco o lucro sobre o patrimônio líquido foi de US$ 190 milhões, o que deu uma margem de 19% para este ano.

A certeza de Alonso veio depois de colher informações de funcionários e clientes de todas as regiões do País, em viagem que realizou nos últimos 15 dias, para apurar "in loco" o grau de inserção da instituição neste processo de retomada do crescimento da economia. "Senti que temos um banco muito pujante em todo o País. Percebi que a integração da Losango com HSBC vai de vento- em-popa e que temos equipe muito motivada, na ponta dos cascos", disse Emilson Alonso.

Entre 14 a 30 de setembro o presidente do HSBC percorreu 26 cidades do País para ajustar, onde necessário, as metas de desempenho de 2004 e colher subsídios para o orçamento de 2005, que será apresentado em Londres, em 18 de outubro.

No decorrer da viagem, Emilson Alonso falou para um público de 6,5 mil pessoas entre funcionários e clientes. "Falei sobre o desempenho do banco nestes sete primeiros meses e o que falta fazer para completar o orçamento de 20004. Discutimos ainda as grandes linhas mestras para os anos vindouros. O plano estratégico do HSBC no Brasil vai ser aprovado em outubro", disse.

A estratégia para conquista de fatias cada vez maiores de mercado é o varejo, aproveitando os instrumentos que o grupo possui como a Losango e a Valeu. O grupo HSBC possui ativos de R$ 32 bilhões, dentro dos quais as operações de varejo representam R$ 4 bilhões. Dando foco às ações de crédito ao consumo, o banco espera crescer entre 20% e 22% do ponto de vista dos ativos ponderados em 2004. Houve uma ampliação da estrutura de atendimento ao varejo de 120 para 270 lojas da Losango. O uso compartilhado de estruturas físicas e sistemas tecnológicos vem contribuindo para reduzir custos e elevar a rentabilidade das operações.

O HSBC quer consolidar uma posição de liderança de mercado. Entende que os mercados concorrentes estão muito agressivos, especialmente Unibanco, Itaú, Bradesco, ABN Amro Real e Santander que vêm trabalhando forte em financiamento de consumo. "A idéia é criar escala para competir no mercado, que vai ficar na mão de grandes competidores", disse.

A trajetória de sustentação dos lucros bancários estará cada vez mais ligada ao setor de consumo e varejo. Atualmente 85% dos resultados do HSBC, que procura operar com taxas de juros mais atraentes, vem do varejo. A intermediação financeira é responsável por 65% das receitas do banco, onde apenas 10% desta intermediação vem de papéis públicos. O maior percentual é obtido com empréstimos bancários. Apenas 35% do resultado vem de prestação de serviços.

Com a economia crescendo o equivalente a 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 e as taxas de juros em queda haverá espaço para ampliação de mais de 15% no volume de ativos do HSBC. O número de clientes das operações de transação de varejo deve ultrapassar aos 16 milhões e os clientes com forte relacionamento do banco deverão subir dos atuais 2 milhões para 2,5 milhões.

O banco está procurando qualificar as operações bancárias para separar uma operação de transação financeira para compra de um bem ou serviço de um relacionamento mais efetivo com o correntista. Quando é feito um empréstimo para aquisição de uma geladeira, um carro, uma casa a operação é qualificada como transação financeira. Nesta condição o grupo HSBC possui 15 milhões de operações. "Com os demais faço relacionamento onde posso oferecer produtos e agregar valor ao cliente", disse. O banco considera cliente efetivo apenas um universo de 2 milhões de correntistas, entre os quais estão lojistas, contas de pessoas físicas com renda superior a R$ 5 mil mensais. Este perfil de correntista deve crescer em 2005 pelo sistema de atendimento em agências especiais abertas em 15 cidades brasileiras.

Os investimentos que deverão ser feitos daqui para frente serão pequenos. Com a atual estrutura de agência, segundo Alonso, será possível dobrar o volume de operações. O fator chave desta ampliação será o controle da inflação e adoção de uma política monetária e fiscal ajustada ao financiamento público para os próximos anos.

O HSBC está olhando alternativas de investimentos que estejam dentro desta estratégia de ampliação do varejo em um cenário de aumento de renda da população. O banco já investiu US$ 1,9 bilhão no Brasil, dos quais US$ 125 milhões na compra da financeira Valeu.

Os recursos aplicados no Brasil em 1997 com a compra do Bamerindus foram devolvidos aos acionistas na forma de lucros e dividendos. "Obviamente quem recebe dividendos está propenso a investir", disse. O executivo disse que os acionistas estão satisfeitos com os resultados do HSBC no Brasil e a tendência é que haja uma ampliação dos investimentos, desde que surjam oportunidade factíveis.

kicker: O banco investiu US$ 1,9 bi no Brasil, dos quais US$ 125 milhões na compra da financeira Valeu