Título: Dólar atinge a menor cotação desde janeiro
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/10/2004, Finanças & Mercados, p. B-2

O dólar comercial iniciou outubro no menor valor desde 16 de janeiro, quando chegou a R$ 2,829. Na sexta-feira, a cotação da moeda norte-americana caiu 0,76%, negociada a R$ 2,84 nas últimas trocas. Por conta da sucessivas desvalorizações da divisa, o mercado já refaz suas projeções. O dólar deve fechar o ano, segundo prevêem analistas, próximo de R$ 2,90. As estimativas anteriores indicavam que a cotação da moeda fecharia o ano um pouco acima dos R$ 3,00.

O cenário para outubro continua sendo de depreciação do dólar. O mercado espera um aumento das captações por parte das empresas, aproveitando a melhora geral dos indicadores do País. Além disso, existem rumores de que o governo federal já prepara um nova emissão soberana. A operação ocorreria na primeira quinzena deste mês, antes do pagamento semestral dos juros do C-Bond, principal título da dívida, no dia 15. A última captação externa do governo ocorreu em 22 de setembro, quando a República lançou ¿250 milhões em títulos da dívida externa com prazo de oito anos. Foi uma reabertura da emissão feita em 8 de setembro, de ¿750 milhões.

Nem mesmo a alta recorde do petróleo - o barril WTI fechou na sexta-feira em US$ 50,12 - deve atrapalhar a tendência de queda do dólar no mês. "Mesmo que a Petrobras, após as eleições, reajuste os preços dos combustíveis, em parte o consumo acaba se ajustando, com alguma queda", diz João Medeiros, sócio da corretora Pionner. Na sexta, a divulgação de um novo recorde da balança - superávit de US$ 25,121 bilhões no ano - ajudou a reduzir o impacto da alta do petróleo no mercado.

Hideaki Iha, da corretora Souza Barros, também não acredita que a disparada do petróleo force uma alta nas cotações do dólar. "O mercado entendeu bem a mensagem do BC, quando elevou a projeção do IPCA no relatório de inflação, e se o aumento da Selic na próxima reunião do Copom for de 0,5 ponto percentual ninguém vai estranhar", diz. "Ninguém quer ficar na posição de comprado, com dólar na carteira, diante de um cenário tão favorável para novas captações que podem trazer ainda mais dinheiro para o mercado", analisa.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), os juros oscilaram pouco. Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em abril de 2005, os mais líquidos com R$ 12,2 bilhões transacionados, ficaram estáveis, projetando um juro anualizado de 17,08%. O C-Bond, principal título da dívida externa brasileira, subiu 0,13%, negociado a 99,250% do valor de face.

O custo do dinheiro no mercado à vista ficou em 16,24% ao ano. O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) terminou a 16,17%, em um dia marcado pela retirada de circulação de R$ 26,253 bilhões do sistema. A maior parte dos recursos que o Banco Central retirou para equilibrar a liquidez do sistema, R$ 23,4 bilhões, voltam ao mercado somente na quarta-feira, dia 6, e serão remunerados a 16,25% ao ano.