Título: PeopleSoft muda comando e fica mais próxima da Oracle
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Fonte: Gazeta Mercantil, 04/10/2004, Telecomunicações & Informática, p. A-15
A demissão do principal executivo da PeopleSoft, Craig Conway, aumentou a probabilidade da empresa ser comprada pela Oracle. A fabricante de softwares de negócios poderá desistir da luta que já dura 16 meses contra a tentativa da Oracle de adquiri-la de maneira hostil por US$ 7,7 bilhões.
O fundador da empresa Dave Duffield, de 63 anos, passou a ocupar o cargo de principal executivo depois que cinco diretores independentes votaram por unanimidade na noite de quinta-feira pela substituição de Conway, disse o porta-voz Steve Swasey. O governo e a justiça dos Estados Unidos desistiram de se opor à proposta da Oracle, por não considerá-la prejudicial ao mercado de softwares ERP.
A cotação das ações da PeopleSoft subiu 16% diante das expectativas de que Duffield vai iniciar conversações com o principal executivo da Oracle, Larry Ellison.
O apoio a Conway, de 49 anos, diminuiu no momento em que ele se envolveu em uma batalha com Ellison. O lucro caiu por quatro trimestres consecutivos e a rixa pública afastou clientes, o que custou à PeopleSoft, com sede em Pleasanton, na Califórnia, US$ 1 bilhão em vendas. "A saída de Conway removeu os grande obstáculo para a Oracle comprar a PeopleSoft", disse Michael Plakman, que ajuda a administrar cerca de US$ 12 bilhões em ações na Robeco Grope, em Roterdã.
A empresa é titular de ações da Oracle e estuda a possibilidade de comprar papéis da PeopleSoft. "O conselho de administração da PeopleSoft agora vai começar as discussões sérias com a Oracle para concluir o negócio nas próximas semanas", afirmou. As ações subiram US$ 2,97, para US$ 22,82 no pregão composto da Nasdaq na tarde de sexta-feira, em Nova York, e anteriormente haviam subido para US$ 22,98. A Oracle ofereceu US 21 por cada ação. Os papéis da Oracle subiram 55 centavos de dólar, para US$ 11,83.
A porta-voz da Oracle, Jennifer Glass, recusou-se a comentar o assunto. A decisão também aumentou a chance de que Ellison eleve a sua oferta. A Oracle, com sede em Redwood City, na Califórnia, primeiro ofereceu US$ 16 por cada ação da PeopleSoft, depois aumentou a oferta duas vezes para o expressivo valor de US$ 26 antes de reduzi-la para US$ 21 em maio, citando a queda do valor de mercado da PeopleSoft.
"Os papéis provavelmente serão negociados por um valor maior", afirmou Tony Ursillo, analista da Loomis Sayles, que administra US$ 56 bilhões, inclusive 2 milhões de ações da Oracle. "As pessoas sabem que esse será um bom acordo, mesmo com um preço mais elevado". Ellison, de 60 anos, argumenta que a PeopleSoft não pode sobreviver sozinha e quer comprar a companhia, por isso, a Oracle pode reconquistar o segundo posto no mercado de US$ 22 bilhões de softwares de folhas de pagamento e de contabilidade.
Autoridades do Departamento de Justiça disseram na sexta-feira que não vão recorrer da decisão do mês passado adotada por um juiz federal em São Francisco de indeferir uma ação de violação do direito de concorrência contra a oferta. A PeopleSoft informou que o conselho de administração vai analisar as implicações da decisão do governo.