Título: O IPC Semanal fica estável, sem inflação nem deflação
Autor: Jorge Luiz de Souza e Viviane Monteiro
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/10/2004, Nacional, p. A-4

Desde julho do ano passado, houve inflação em todas as edições. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) divulgado ontem registrou variação de preços precisamente nula (de 0,00%), ficando na exata fronteira entre a inflação e a deflação, no período entre os dias 26 de agosto a 25 de setembro de 2004, na comparação com os preços coletados entre 26 de julho a 25 de agosto de 2004. Desde julho do ano passado, esse índice apresentava inflação em todas as suas edições semanais. O IPC-S é pesquisado pela Fundação Getulio Vargas.

A estabilidade de preços na média dos itens pesquisados foi resultado de deflação nos grupos alimentação (¿1,04%), despesas diversas (¿0,06%) e transportes (¿0,01%), enquanto registraram inflação os grupos vestuário (+1,27%), habitação (+0,55%), saúde e cuidados pessoais (+0,32%) e educação, leitura e recreação (+0,32%).

Entre as 12 cidades pesquisadas, sete tiveram deflação: Porto Alegre, (¿0,6%), Recife (¿0,53%), Curitiba (¿0,51%), Salvador (¿0,18%), Fortaleza (¿0,11%), Goiânia (¿0,06%) e Rio (¿0,05%). Os preços subiram no Distrito Federal (+0,47%), Belo Horizonte (+0,4%), Belém (+0,29%), São Paulo (+0,22%) e em Florianópolis (+0,12%).

A tarifa de telefone residencial, que subiu 2,21%, foi a principal pressão de alta (por seu peso no índice), embora outros itens tenham subido mais, como o limão (+55,6%) e o maracujá (+19%), enquanto tiveram acentuada queda a manga (¿33%), o tomate (¿24%), a vagem (¿21%), o quiabo (¿19,7%) e a cebola (¿14,7%).

IPC-SP desacelera e sobe 0,26%

O Índice de Preços ao Consumidor apurado para a cidade de São Paulo (IPC-SP) desacelerou em setembro e subiu 0,26% após registrar alta de 0,56% em agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice - que apura variações de preços de famílias com renda mensal entre um e 33 salários mínimos - é o menor desde abril, quando apresentou variação positiva de 0,21%. De janeiro a setembro, o índice acumula alta de 4,65% e em 12 meses, 5,38%.

De acordo com a economista da FGV, Alexandra Godói, os grupos que pressionaram a inflação do mês passado, alimentação e transporte, foram os principais responsáveis pela desaceleração do IPC-SP em setembro. O grupo alimentação passou de uma inflação de 0,99% em agosto para deflação de 0,38%, exercendo a maior influência negativa sobre o índice, ¿0,11 ponto percentual. Já o grupo transporte, que havia pressionado o índice de preços no mês anterior - com alta de 0,89%, por conta dos aumentos nos preços do álcool combustível e gasolina - apresentou inflação zero em setembro.

Alexandra afirmou que a inflação no mês não foi menor em razão, principalmente, do repique do grupo habitação, que subiu para 0,77%, ante variação positiva de 0,33% no mês anterior. Segundo Alexandra, esse grupo representou 97% da inflação do mês. "Sem as pressões das taxas de água e esgoto a inflação teria ficado em 0,11%", estimou Alexandra. Além disso, o grupo vestuário, que aumentou 2,48% ante 0,91% em agosto em função da sazonalidade do período de troca de coleção com o fim de estação de inverno. A desaceleração do IPC-SP em setembro foi considerada uma surpresa pelo professor e economista da FGV, Geraldo Gardenalli.