Título: Ministra quer enquadrar Bolsonaro
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Fonte: Correio Braziliense, 02/04/2011, Política, p. 8

POLÊMICA A ministra de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, reforçou o pedido de punição para o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) pelas declarações feitas recentemente por ele sobre negros. De acordo com a titular da pasta, a fala em que o parlamentar associa um possível relacionamento do filho com uma negra como ¿promiscuidade¿ e as críticas contra as políticas de cotas em universidade são exemplos claros de racismo. ¿Não podemos confundir liberdade de expressão com a possibilidade de cometer um crime previsto na Constituição¿, disse Luiza.

As declarações reforçam as críticas de outra ministra, Maria do Rosário, da pasta de Direitos Humanos. Luiza Bairros pediu firmeza no posicionamento da Câmara dos Deputados nas investigações contra o parlamentar. ¿Cada setor do Estado e da sociedade deve assumir o seu papel no combate ao racismo. Nós devemos deixar para que a Câmara encaminhe esse caso e tome decisões contra o deputado dentro das instâncias do Legislativo.¿

Além da declaração feitas ao programa CQC, Bolsonaro disse que não viajaria em aviões pilotados por cotistas, nem aceitaria ser operado por médicos beneficiados pela política. Posteriormente, o deputado falou que não havia entendido direito a pergunta em que associou um possível relacionamento do filho com uma negra como ¿promiscuidade¿.

Ele alegou ter entendido que a questão se referia a um gay, não a uma negra. Como o crime de racismo é inafiançável, mas a homofobia não, líderes do Congresso já admitem que a possibilidade de punição é remota. Até mesmo o partido de Bolsonaro, o PP, saiu em sua defesa. O líder da legenda, Nelson Meurer (PR), disse que não concorda com a reposta, mas que a pergunta feita por Preta Gil foi maliciosa. Para a ministra, as declarações do deputado não surpreendem. ¿Não devemos ficar assustados com esse tipo de declaração, é isso que o movimento negro tem denunciado nas últimas décadas. O que deixa a sociedade indignada é ela (a declaração) ter partido de um deputado federal¿, criticou Luiza.