Título: Europa planeja união no Mediterrâneo
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Fonte: Gazeta Mercantil, 05/10/2004, A triatleta Fernanda Keller embarcou ontem rumo à, p. A-10
Os ministros de Indústria e Comércio da União Européia e de dez países do sul do Mediterrâneo confirmaram ontem, sua intenção de formar uma zona de livre comércio em 2010, para garantir a coesão e estabilidade em toda a bacia. Foi durante a V Conferência Euro-Mediterrânea de Indústria, em Caserta, sul da Itália, que reuniu representantes de 35 países. Outra preocupação dos países é o fim das cotas de exportação de têxteis e a grande concorrência asiática.
O processo de cooperação entre o bloco europeu e o sul do Mediterrâneo começou em Barcelona, em 1995, mas nos últimos tempos o entusiasmo inicial diminuiu e os vizinhos buscam novas fórmulas para revitalizá-lo. Uma delas é a cooperação econômica. Por isso, os 35 governos assinaram hoje uma declaração que pretende ser um impulso às empresas, consideradas um dos instrumentos para tornar a relação entre as duas margens mais dinâmica e favorecer a integração regional.
690 milhões de pessoas
A idéia de formar uma zona de livre comércio em 2010 surgiu em Barcelona em 1995. Caso seja concretizada, criará um grande mercado. Os 25 países-membros da UE totalizam 450 milhões de habitantes e poderão ser somados aos 240 milhões da Argélia, Egito, Jordânia, Israel, Líbano, Marrocos, Palestina, Síria, Tunísia e Turquia.
Atualmente, as relações entre a UE e a margem sul têm seu eixo no programa MEDA, através do qual a CE destina ¿ 5,3 bilhões, no período 2000-06 para diversos projetos. No entanto, os 35 países querem ir além e criar a zona de livre comércio dentro de seis anos. Para o ministro francês da Indústria, Patrick Devedjian, essa zona de livre comércio permitirá "resistir melhor à concorrência internacional, principalmente em setores manufatureiros, como o têxtil". O ministro da Indústria da Turquia, Ali Coskun, afirmou que se o objetivo for alcançado em 2010, tornará a região mais competitiva. Mas especificou que neste momento é preciso "detectar novas estratégias" para avançar nesse caminho. Já o grego Dimitrios Sioufas falou da importância para o desenvolvimento das economias e o espanhol José Montilla disse que é um objetivo a ser alcançado.
Um dos aspectos que causa preocupação geral na região é o fim, a partir de 1/jan/2005, das cotas para a exportação de têxteis, pela entrada em vigor de um acordo fechado há anos na OMC. Isso favorecerá a entrada em massa de produtos asiáticos, e especialmente da China, a preços reduzidos.