Título: CNSP aprova certificação profissional
Autor: Denise Bueno
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/10/2004, Finanças & Mercados, p. B-2

Os profissionais do mercado de seguros, previdência e capitalização terão de fazer cursos especiais para exercer suas funções. A resolução que trata da certificação de pessoas foi aprovada na última sexta-feira na reunião do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e deverá ser publicada em breve pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Segundo René Garcia, titular da Susep, a resolução ficou em audiência pública por três meses. A proposta da Susep era muito abrangente, incluindo 100% das pessoas que trabalham no setor. "Acabamos aceitando as sugestões do setor e a medida focou os profissionais envolvidos em vendas e comercialização, regulação de sinistros, controle de riscos e controle interno. A medida começa a vigorar em 2005 por escalonamento, tendo de ser finalizada até 2009.

O objetivo é dar mais capacidade técnica para o profissional. "Há muitas queixas dos corretores, que são obrigados a fazer curso por um ano, de que os executivos colocados na linha de frente para interlocução são despreparados", comentou Garcia. Segundo ele, qualquer instituição de ensino pode se credenciar na Susep para oferecer cursos aos profissionais, que serão obrigados a fazer uma prova. "Nos EUA a certificação de pessoas foi implementada na década 60, pois envolve a captação de recursos populares. Chega com quase 40 anos de atraso no Brasil", disse.

Uma das instituições que há tempos se dedica a formação de profissionais do setor é a Fundação Escola Nacional de Seguros (Funenseg). Recentemente, criou uma diretoria para o Estado de São Paulo. Segundo João Leopoldo Bracco de Lima, que neste ano deixou a presidência do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP) para assumir a diretoria regional da Funenseg na capital paulista, a iniciativa faz parte do plano estratégico de transformar a Funenseg em uma Universidade do Seguro, atuando como instituição focada no ensino, na pesquisa e na produção e conhecimento.

A medida foi elogiada por Alfredo Egydio Setúbal, presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), na palestra "Modelos para auto-regulação", realizada na última sexta-feira no II Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada, em São Paulo. A Anbid implementou em 1997 o Código de Auto-Regulação com o objetivo de se criar um mercado de capitais. "A pior parte foi convencer os membros de que era necessário se criar um código de ética. Mas como todos estavam focados em desenvolver o mercado de capitais nós conseguimos", disse. Um forte argumento foi "que seria melhor que partisse do setor a auto-regulamentação do que do governo", comentou o presidente da Anbid.

Segundo ele, depois do primeiro código para Auto-Regulação do Mercado de Capitais, outros três já foram adotados: Auto-Regulação da Indústria de Fundos de Investimentos; Auto-Regulação para o Programa de Certificação de gerentes das instituições, e a Auto-Regulação do Serviço de Custódia Qualificada. "Melhoramos a qualidade das informações aos consumidores, os propectos atingiram padrões internacionais e hoje há agilidade no julgamento dos processos", diz Setúbal.

"Com esse modelo vamos criar novas gerações de recursos humanos para a indústria do seguro, mais qualificadas, mais versáteis e prontas para enfrentar os desafios de um mercando dinâmico e oscilante", explicou Bracco de Lima.

Garcia, da Susep, concorda. "Hoje os profissionais de seguros ganham em média 40% menos do que os executivos que trabalham em bancos. Acredito que essa a resolução de certificação de pessoas irá contribuir para equiparar os ganhos dos profissionais que se dedicam ao setor financeiro", comentou o titular da Susep.