Título: Setor investe R$ 107,8 bi até agosto
Autor: Denise Bueno
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/10/2004, Finanças & Mercados, p. B-2

Vendas somaram R$ 38,3 bilhões, as provisões R$ 77,9 bilhões e o lucro R$ 1,8 bilhão. A carteira de investimentos das empresas que operam com seguros, planos de previdência aberta e títulos de capitalização atingiu R$ 107,8 bilhões em agosto deste ano, sendo R$ 29,9 bilhões de patrimônio líquido das empresas e R$ 77,9 bilhões de provisões técnicas. Os recursos estão basicamente investidos em títulos de renda fixa federais e privados. As vendas somaram R$ 38,3 bilhões de janeiro a agosto deste ano, alta de 17,69% em relação ao mesmo período de 2003, segundo dados divulgados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e Agência Nacional de Saúde (ANS) e consolidados pela Federação Nacional das Empresas de Seguros e de Capitalização (Fenaseg).

Seguros representam a maior parte das vendas, com R$ 28,6 bilhões do total comercializado até agosto, incluindo nesse faturamento as receitas de R$ 6,2 bilhões do Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL), que apesar de ser vendido como um plano de previdência é considerado nas estatísticas de seguro de vida. O segmento de previdência complementar aberta registrou vendas de R$ 5,3 bilhões e o de títulos de capitalização de R$ 4,3 bilhões.

Segundo dados da Fenaseg, o saldo das provisões técnicas do mercado segurador registrou crescimento de 31,1% em relação ao mesmo período do ano passado. O maior volume de provisões técnicas vem da área de previdência aberta, com R$ 39,9 bilhões, evolução de 23,4%, seguido pelo setor de seguros, com R$ 28,9 bilhões até agosto, incremento de 51,45%; e as provisões de capitalização encerraram agosto em R$ 8,9 bilhões, alta de 11,52%.

Segundo estudo do consultor Roberto Castiglione, da Castiglione Business, o lucro líquido das empresas somou R$ 1,81 bilhão, crescimento nominal de 15% ou real de 8% (desconsiderando a inflação média do período - IGPM), considerando-se os R$ 1,57 bilhão do mesmo período ano passado, sem considerar o seguro-saúde. "Atualmente, a rentabilidade apurada decorre da previdência privada. Caso esta tivesse repetido a margem do ano passado, a rentabilidade operacional teria declinado de uma participação de 2,1% para 0,8% sobre os prêmios ganhos somados com as rendas retidas. Resumindo, vendeu-se mais, mas com menor margem", explicou Castiglione.

A explicação, segundo o consultor, para a redução da margem de rentabilidade se resume a três itens. A primeira delas é a acirrada em três principais linhas de negócios: automóvel, com vendas de R$ 6,7 bilhões até agosto, alta nominal de 15%, no seguro de vida, com R$ 4,5 bilhões, evolução de 14,1%, e no seguro saúde. "Esta última sofre com a interferência do governo, com as pressões de custos sem repasses aos preços", disse. Numa participação menor, mas que também gerou perdas operacionais, estão as fraudes e a elevação da carga tributária. Entre os produtos que trouxeram boa rentabilidade para as empresas estão acidentes pessoais, incêndio, transporte e as modalidades diferenciadas, como garantia, fiança, rendas e eventos aleatórios.

"Resumindo, o lucro líquido das empresas que operam no mercado vem sendo composto pelas reduções das perdas apresentadas na operação de previdência privada e pelos desempenhos dos investimentos efetuados pelos acionistas em empresas de capitalização, previdência, serviços e de outras atividades econômicas", concluiu.

A Bradesco Seguros lidera o mercado, com faturamento de R$ 9,5 bilhões de janeiro a agosto deste ano, representando cerca de 1% do PIB nacional anualizado.