Título: Rússia libera carne brasileira produzida até início do embargo
Autor: Lucia Kassai
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/10/2004, Agribusiness, p. B-12

O governo russo atendeu a uma das reivindicações do Brasil e liberou o embarque das carnes que deixaram os frigoríficos até o dia 20 de setembro, data em que entrou em vigor o embargo ao produto brasileiro, informou um fiscal que trabalha para o governo russo no Brasil.

"Recebemos uma carta do Ministério da Agricultura da Rússia nesta segunda, liberando o embarque das carnes que saíram das fábricas antes do dia 20 (de setembro)", afirmou por telefone à Reuters o fiscal que faz inspeção dos produtos destinados à Rússia no porto de Itajaí (SC), principal porto de embarque de carnes no Brasil. "Os navios já voltaram a carregar".

"Isso vai aliviar muito a situação dos exportadores, que estavam arcando com os elevados custos de estocagem", diz Antônio Jorge Camardelli, diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Ele acredita que serão liberadas 10 mil toneladas de carne que já foram produzidas e estavam em armazéns conveniados.

"Isso vai aliviar a situação de armazenagem no porto, que estava ficando complicada", afirmou o fiscal, que pediu anonimato.

A Rússia proibiu as importações do Brasil após o anúncio, em 10 de setembro, de mais um caso de febre aftosa, em um município no Estado do Amazonas. O Brasil está negociando o fim do embargo, mas sem sucesso.

As vendas de carnes brasileiras à Rússia em 2004 superaram R$ 500 milhões. O país é o maior importador de carne suína brasileira e um dos maiores de carne bovina e de frango.

Comitiva brasileira

A próxima ofensiva brasileira para tentar encerrar o embargo deverá contar com o auxílio do vice-presidente José Alencar, que vai a Moscou no dia 11.

Alencar vai à Rússia, em viagem que estava agendada antes do embargo, para participar de um encontro empresarial entre russos e brasileiros e deve aproveitar a oportunidade para dar continuidade à gestão do governo pelo fim da proibição.

"Vamos tentar agendar uma reunião para discutir o embargo", diz Cláudio Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos.