Título: Pont vai ligar Fogaça a FHC e Britto
Autor: Caio Cigana
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/10/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

Candidato petista quer conquistar quinto mandato consecutivo para a agremiação fustigando adversário. Preocupado com a ascensão de José Fogaça (PPS) e com a soma de votos da oposição (58% a 40%), o petista Raul Pont já dá amostras da estratégia que vai adotar no segundo turno para garantir ao partido o quinto mandado consecutivo em Porto Alegre. Além de propostas e de reforçar as realizações da atual administração, Pont vai tentar vincular o ex-senador José Fogaça a políticas privatizantes. A idéia é lembrar a sua atuação durante o a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e, no plano estadual, ligá-lo ao ex-governador Antônio Britto, que nas últimas eleições concorreu pelo PPS - apesar de hoje estar desligado do partido, atuando na iniciativa privada.

Fogaça aparecia nas últimas pesquisas antes das eleições com pouco mais de 20% das intenções de voto, mas finalizada a contagem atingiu 28,3%. Já Pont manteve o que as aferições indicavam, ficando com 37,6%. Nas simulações de segundo turno, porém, Pont aparece à frente de Fogaça, com uma vantagem em torno de quatro pontos percentuais, dentro das margens de erro. Fogaça, que deve arrebanhar o apoio de Onyx Lorenzoni (PFL), Mendes Ribeiro Filho (PP), Jair Soares e Vieira Cunha (PDT), promete manter a estratégia do primeiro turno, pregando mudanças em algumas áreas como a Saúde, mas garantindo manter realizações da administração petista, como o Orçamento Participativo. "Não muda o tom. A mudança foi esmagadoramente vitoriosa no primeiro turno", disse ontem Fogaça, referindo-se à soma dos votos das candidaturas de oposição. Fogaça promete inclusive incorporar pontos propostos pelas demais candidaturas em seu programa de governo.

Além de fustigar Fogaça, Pont vai lutar para evitar a transferência automática das demais candidaturas para Fogaça. Ao lado do petista, deve estar apenas o deputado federal Beto Albuquerque (PSB). Por isso, Pont vai tentar, a despeito das decisões das cúpulas dos partidos de oposição, buscar defecções na base de partidos como PMDB e PDT. "O PMDB está no governo federal, tem ministérios", lembrou ontem Pont, dando a entender que este pode ser um argumento da quase impossível missão de buscar o apoio do PMDB. "Vamos conversar com o Trabalhismo", disse também, avaliando que o eleitorado pedetista da capital tem mais afinidades com as propostas petistas do que às do PPS, a despeito da distância dos líderes dos dois partidos. O fato de o PPS ter surgido de uma dissidência do PMDB, acredita o PT, pode levar Fogaça a não herdar todos os votos de Mendes Ribeiro Filho.

O confronto entre as duas siglas também vai se repetir no segundo turno das eleições em Pelotas. O prefeito Fernando Marroni (PT) vai ter o deputado Bernardo de Souza (PPS) como adversário. No pleito de domingo, Marroni fez 34,12% dos votos, contra 28,57% de Bernando. O outro município gaúcho que terá segundo turno é Caxias do Sul. Na cidade há oito anos administrada pelo PT, a candidata de da situação, Marisa Formolo, teve 41,4% e o desafiante José Ivo Sartori (PMDB) 35,73%. Em Canoas, o prefeito Marcos Ronchetti (PSDB) se elegeu no primeiro turno. O tucano alcançou 70,13%, contra apenas 24,95% de Marco Maia (PT). Em Santa Maria, maior colégio eleitoral gaúcho sem segundo turno, o prefeito Valdeci Oiveira (PT) foi reeleito.

Finalizada a apuração nos 493 municípios gaúchos onde as eleições foram decididas no domingo, o PMDB aparece com o partido com o maior número de prefeituras, somando 136. Os peemedebistas elegeram três prefeitos a menos em comparação com 2000.