Título: Agências devem incorporar mais tecnologia e serviços
Autor: Regiane de Oliveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/10/2004, Comércio & Serviços, p. A-12

Novo modelo de operação será apresentado em congresso no Rio. O segmento de agências de viagens do Brasil prepara-se para alcançar a eficiência que há algum tempo já chegou a países como França, Espanha e Alemanha. Isso é o que pretende mostrar a 32ª edição do Congresso Brasileiro de Agências de Viagens, entre os próximos dias 20 e 24, no Rio de Janeiro, durante a Feira das Américas Abav 2004.

As modificações não serão apenas conceituais: um novo modelo de agência de viagens, batizado de projeto Agência do Futuro, será apresentado ao mercado durante o evento. O foco do projeto é mostrar as novidades tecnológicas disponíveis para facilitar a vida de agências e clientes.

Segundo Tasso Gadzanis, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), durante muito tempo a tecnologia foi vista como inimiga dos profissionais de turismo: "Lembro-me quando a Gazeta Mercantil anunciou que havia sido instalado um sistema de reservas na sala da secretária do presidente da General Motors. Todo o mercado se sentiu ameaçado." Com a internet foi a mesma coisa, explica Gadzanis, "mas estas ferramentas se tornaram as melhores aliadas dos profissionais de turismo".

A Agência do Futuro que estará exposta na feira é totalmente automatizada, desde a reserva até a entrega dos produtos. A rapidez é a palavra-chave e também segredo para a redução de custos. "Antigamente tínhamos que ter nas agências cerca de 30 estoques diferentes de bilhetes, todos numerados, das diversas empresas aéreas. Hoje, com o tíquete pela internet, em breve não precisaremos nem do papel", diz o presidente da Abav.

Os projetos tecnológicos do protótipo foram desenvolvido pela Amadeus e pela Iris do Brasil, com apoio da Abav. Segundo Decius Valmorbida, diretor de tecnologia da Amadeus, a agência é um retrato de como as empresas neste setor devem se preparar para atuarem num futuro próximo.

"Hoje as agências precisam apenas de um software de reserva para resolverem suas vidas. Mas, no futuro, com a necessidade de ampliação dos negócios, haverá uma grande automação interna, num momento em que as empresas precisam ser mais enxutas e competitivas", diz Valmorbida.

Para Gadzanis, o objetivo principal da feira é preparar as agências para venderem tanto as passagens quanto os serviços agregados. Isso porque, assim como acontece em outros países, em breve as agências de viagens brasileiras deverão deixar de receber a comissão paga pelas empresas aéreas.

Segundo Gadzanis, existe uma movimentação, que começou há cerca de seis anos, nos Estados Unidos, de empresas de aviação contrárias ao pagamento de comissão para as agências de viagens. No Brasil, desde 2001, as companhias aéreas lutam pelo mesmo objetivo. "O brasileiro não tem tradição de pagar por serviços e sim por produtos: por isso, as empresas aéreas sempre se responsabilizaram pelas comissões. Hoje, porém, a realidade do mercado mostra que isso não é mais possível e cabe as agências buscarem novas alternativas para o seu negócio."

Mudanças

A Agência do Futuro que será montada na feira trará para os profissionais e clientes uma experiência que vai deve se tornar realidade em pouco tempo, no País. Mas, ao contrário do que se imagina, as mudanças já começaram.

A primeira transformação do segmento acontece exatamente na feira que o representa. Este ano, a Abav deixa de ser itinerante e finca raízes no espaço de convenções RioCentro. O objetivo: busca de maior profissionalização.

"Em todo o mundo, percebemos que a feira só se internacionaliza e se consolida quando se fixa em um ponto. E queremos garantir nossa posição como maior feira de turismo das Américas e entrar definitivamente para o calendário internacional do setor", diz Gadzanis.

Tradicionalmente, a feira da Abav apresenta às empresas do setor indicadores do que vai acontecer no prazo de 12 meses. Este ano, porém, não serão apenas as empresas que vão entrar em contato com as novidades do turismo: pela primeira vez, a Abav abre as portas para o público. Serão dois pavilhões: um institucional, onde o público entrará em contato com os estandes de destinos; e outro profissional, voltado somente para os negócios entre empresas.

A feira, orçada em mais de R$ 10 milhões, ocupará 17 mil m² de área montada, contando com 200 estandes e cerca de 600 empresas expositoras. São mais de 40 países participantes e um público estimado em 17 mil pessoas, contando-se apenas os profissionais. Segundo Gadzanis, a expectativa é que a feira movimente por volta de US$ 50 milhões em negócios.

A Amadeus também investiu para reinventar seu negócio no País. Segundo Decius Valmorbida, somente este ano, foram gastos R$ 40 milhões em mudanças de infra-estrutura, lançamento de novas soluções para o mercado e ferramentas de qualidade. No novo modelo, a empresa deixa de trabalhar apenas como um sistema global de reservas para incorporar vários serviços integrados ao turismo.