Título: Número de entidades que conseguem bater a meta caiu este ano
Autor: Lucia Rebouças
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/10/2004, Finanças, p. B-2

Os fundos de pensão podem ter dificuldade de cumprir suas metas atuarias este ano. No primeiro semestre deste ano, de uma amostra de 105 entidades analisadas pela consultoria Risk Office, as 67 entidades que utilizam como meta INPC mais 6% bateram a meta. Das 13, que perseguem o IGP-M mais 6%, apenas uma superou a meta, enquanto nenhuma das 25 atreladas ao IGP-DI mais 6% alcançou o objetivo.

Na maioria dos mais de 300 entidades existentes atualmente no mercado, a meta atuarial está fixada em INPC mais 6% ao ano, de acordo com a Secretaria de Previdência Complementar (SPC).

De acordo com a pesquisa da Risk Office, nas carteiras de renda fixa, aproximadamente 45% das entidades obtiveram rentabilidade superior ao CDI. Já nas carteiras de renda variável, 50% obtiveram rentabilidade superior aos índices de mercado - como Ibovespa e IBX-50.

A pesquisa mostra, porém, uma curva decrescente quando se compara o número de fundos que conseguem bater a meta atualmente em relação a períodos anteriores. Quando a meta é o INPC mais 6%, 52,58% da amostra conseguia ficar acima do indicador no primeiro trimestre, em comparação aos 35,24% no final do primeiro semestre. Quando a meta é o IPG-M mais 6%, a queda é de 13,40% primeiro trimestre para apenas 2,86% no final do primeiro semestre. Considerando as todas as entidades da amostragem que superaram a mera, o percentual caiu de 39,18% no primeiro trimestre para 23,81% no semestre.

A Sabesprev, o fundo de pensão dos funcionários da Sabesp, está comemorando estar entre os 23,8% do semestre. Segundo seu presidente, José Sylvio Xavier, no primeiro período, o fundo teve uma rentabilidade de 7,01% batendo sua meta atuarial para o semestre de 6,18%. Na renda fixa ficou em primeiro lugar em rentabilidade dentro da amostragem da Risk Office e na renda variável ficou em 12% lugar. Xavier afirma que baterá a meta do ano.

A maior parte do ganho foi obtido as aplicações em títulos públicos federais. Em junho, 74% da carteira de investimentos do fundo ( R$ 652 milhões) estava na renda fixa. Em ações estavam 17%, em imóveis 6% e em empréstimos a participantes, 3%. Também ajudou a ampliar a carteira, a economia de custos obtida com a criação de fundos exclusivos. "Com os exclusivos economizamos cerca de R$ 1,5 milhão em taxas de administração ", disse.

A dificuldade de atingir os objetivos se deve em parte à queda das taxas de juros, que deve continuar. Por isso, o setor já discute com a SPC, a possibilidade de redução das metas para adequá-las à nova realidade do mercado.