Título: Após 32 anos, Japão abre o mercado para a manga brasileira
Autor: Riomar Trindade
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/10/2004, Agribusiness, p. B-12

Após 32 anos, o governo japonês abriu seu mercado ao consumo de manga brasileira. O decreto do governo do Japão permite a importação de um volume inicial de 5,2 mil toneladas por ano da variedade Tommy Atkins, produzida principalmente no Nordeste ¿ cultivo irrigado no Vale do São Francisco e em Livramento (BA) ¿ e em São Paulo. O anúncio foi feito ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

No mês passado, o primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi havia comunicado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o interesse em abrir seu mercado. Na visão do ministro Roberto Rodrigues, a abertura aponta para uma nova fase nas relações comerciais agrícolas entre Brasil e Japão. Rodrigues tratou pessoalmente dessa abertura em três viagens ao Japão desde 2003, a última delas na segunda quinzena de maio deste ano. "Há 20 anos, quando ainda era dirigente cooperativista, já lutava por essa abertura no mercado japonês", lembrou Rodrigues.

Dados do Mapa mostram que 90% das 820 mil toneladas de manga produzidas anualmente no Brasil são da variedade Tommy Atkins. No ano passado, o Brasil exportou 126 mil toneladas dessa fruta para Estados Unidos e União Européia, com receita de US$ 71 milhões. A manga destinada ao mercado japonês, ainda mais exigente que o norte-americano e o europeu, deve ser comercializada a US$ 2 mil por tonelada. Nessa primeira etapa, as exportações para o Japão devem render US$ 10,4 milhões por ano.

Incentivo para fruticultura

Segundo Rodrigues, a abertura do mercado do Japão significará um aumento expressivo na produção de manga no pólo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco. De acordo com ele, a última barreira superada nas negociações foi o tratamento pós-colheita da fruta. O procedimento adotado pelo Brasil passou a incluir a lavagem da manga com água quente para evitar a presença de larvas e ovos da mosca do mediterrâneo, além do tratamento com hipoclorito para matar bactérias.

O ministro da Agricultura espera que a abertura do mercado japonês à manga brasileira represente uma nova fase nas relações comerciais bilaterais na área agrícola. O sonho de Rodrigues é que essa nova fase nas relações comerciais signifique a adoção dos biocombustíveis à base de etanol (álcool) e biodiesel no Japão. Nesse caso, o Brasil seria um dos principais fornecedores de matéria-prima.