Título: Câmara de Comércio Brasil-Turquia é aberta no Rio de Janeiro
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/10/2004, Nacional, p. A-5
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) e a Federação das Câmaras de Comércio Exterior (FCCE) lançaram ontem, no Rio de Janeiro, a Câmara de Comércio Brasil-Turquia. A câmara nasce com o objetivo de incentivar o comércio entre os dois países, que gira US$ 400 milhões por ano, o equivalente a apenas 0,2% da pauta brasileira de exportações. O Brasil tem forte superávit no comércio bilateral, uma vez que importa do país europeu aproximadamente US$ 50 milhões anuais.
O presidente da câmara, o economista Carlos Alberto de Andrade Pinto, ressaltou a importância do incremento comercial entre os dois países como porta de entrada para os produtos brasileiros no eixo entre o Leste Europeu e o Oriente Médio. "A União Européia acabou de aceitar o início dos estudos para incluir a Turquia na comunidade, o que é muito importante para colocar mais um trampolim para os produtos brasileiros na região", disse.
Atualmente, o Brasil vende para a Turquia principalmente grãos, aço e materiais metal-mecânicos. A missão turca presente no Brasil conta com 15 integrantes, entre os quais o ministro da Fazenda do país, Kemal Unakitan. Para ele, o Brasil é um dos muitos destinos possíveis para as exportações turcas, principalmente máquinas pesadas, têxteis e equipamentos para a indústria de cimento. O ministro afirmou que as economias de Brasil e Turquia têm fortes semelhanças. Os juros altos são um incômodo comum: os dois países se alternam no topo do ranking das maiores taxas do mundo.
Mas há diversas diferenças. Só agora os turcos vivem uma onda de privatizações, a exemplo do que ocorreu nos anos 90 no Brasil. "Um dos objetivos do atual governo (no poder desde 2002) é desenvolver o setor privado. Acredito que os empresários dos dois países podem se desenvolver com rapidez caso se juntem", disse Unakitan.
Se o presidente da Câmara, Carlos Alberto de Andrade Pinto, deixa claro que o país europeu pode servir como porta de entrada para produtos nacionais em uma região rica em petróleo e fortemente importadora de grãos, o ministro turco, por sua vez, não se furta a assumir a visão do Brasil como ponte para o Cone Sul. "O Brasil é porta para a América Latina. Nosso país exporta US$ 60 bilhões por ano. Só a fábrica da Ford vende US$ 1 bilhão por ano. Por que não incrementar o comércio com o Brasil?"
Entre as possibilidades para aumentar as trocas de produtos entre os dois países está o estabelecimento de uma ponte marítima entre os portos de Sepetiba, no Estado do Rio, e de Mersin, no Sul da Turquia. A partir daí, os produtos dos dois países poderiam ser distribuídos para outras regiões.
Há o interesse também no setor aéreo. Na terça-feira, a missão turca visitou a fábrica da Embraer, em São José dos Campos. De acordo com Sérgio Costa e Silva, presidente do Conselho Consultivo da Câmara, a missão turca se mostrou disposta a criar uma linha aérea diária entre Istambul e uma cidade brasileira, possivelmente Rio ou São Paulo, mesmo que nenhuma empresa brasileira se comprometa a fazer o mesmo. A linha seria da Turkish Airlines.
kicker: País pode ser porta de entrada para produtos brasileiros no Leste Europeu e Oriente Médio