Título: Superavit de US$ 3,17 bi
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 02/04/2011, Economia, p. 20

O avanço das exportações em ritmo mais acelerado que as importações garantiu à balança comercial brasileira um superavit de US$ 3,17 bilhões no primeiro trimestre. O saldo é 253,9% superior ao contabilizado em igual período de 2010. No acumulado do ano, as vendas ao exterior alcançaram US$ 51,23 bilhões, resultado 28,5% maior que o verificado nos três primeiros meses de 2010. Já as compras fora do país somaram US$ 48,06 bilhões, crescendo 23,3% na mesma comparação. Apenas em março, o superavit foi de US$ 1,55 bilhão.

Todos os valores divulgados ontem pelo Ministério de Desenvolvimento (Mdic) são recordes. Pela primeira vez, o Brasil superou a marca de US$ 400 bilhões em trocas comerciais em 12 meses, com US$ 213,9 bilhões em exportações e US$ 191,4 bilhões em importações. Para Alessandro Teixeira, secretário executivo da pasta, os resultados revelam o bom momento da economia mundial e o maior dinamismo dos negócios com o Brasil. ¿A forte ampliação do saldo comercial, este ano, não se deve apenas à alta dos preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional), mas à diversificação de mercados¿, disse.

O secretário admitiu, contudo, que o superavit acumulado nos dois primeiros meses refletiu, basicamente, o peso das exportações de matérias-primas. ¿Estimamos que o fator preço seja responsável por 25% do resultado até fevereiro, enquanto o aumento de volumes, por 9%¿, comentou. Ao mesmo tempo, reconheceu que um câmbio menos valorizado melhoraria o desempenho dos produtos manufaturados na pauta de exportações.

Em todo o ano de 2010, o saldo da balança ficou positivo em US$ 20,27 bilhões, o mais baixo desde 2005. Analistas acreditam que o superavit deste ano será ainda menor, algo próximo a US$ 15,5 bilhões. Seria o pior resultado desde 2002, que apurou saldo de US$ 13,1 bilhões. Mais pessimista, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima apenas US$ 4 bilhões. O presidente da entidade, Robson Andrade, cobrou ¿medidas urgentes¿ contra o câmbio valorizado. ¿O dólar a R$ 1,62 só incentiva a compra de produtos no exterior¿, afirmou.