Título: Lula recomenda cautela nas discussões com a UE
Autor: Romoaldo de Souza
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/10/2004, Internacional, p. A-10

Presidente quer ver conteúdo do acordo do Mercosul com Bruxelas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou ontem cautela nas possíveis concessões do Brasil nas negociações, em curso, para um acordo de liberalização comercial entre o Mercosul e a União Européia (UE). E disse que quando os dois lados acertarem o conteúdo do acordo, gostaria de vê-lo. A negociação foi o tema central de um encontro do presidente com os ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores; Miguel Rosseto, do Desenvolvimento Agrário; da Agricultura, Roberto Rodrigues; da Fazenda, Antonio Palocci; da Casa Civil, José Dirceu, e o interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Márcio Fortes.

Segundo Amorim, há a possibilidade de um novo encontro com Comissário europeu de Comércio, Pascal Lamy, para se buscar a continuidade das negociações. "Houve uma sondagem a esse respeito e creio que o encontro acontecerá ainda este mês. Queremos demonstrar o nosso interesse continuado", afirmou. É possível que haja também uma reunião de ministros do Mercosul neste final de semana, no Rio de Janeiro, para tratar do assunto. Há alguns dias os blocos trocaram novas ofertas de abertura comercial. Mas um lado criticou o outro, dizendo que as propostas são inaceitáveis.

Lula lembrou que nessa negociação, o Brasil não pode ver o interesse só deste ou daquele setor, mas deve ver os diferentes interesses. "Todos nós sabemos que a fome tem pressa, por exemplo. Mas, nesse caso, os calendários não podem passar por cima do conteúdo", disse Amorim.

Em 1º de novembro, a UE trocará os comissários. Com isso, o governo brasileiro teme que alguns pontos da negociação tenham de ser rediscutidos, indicou Amorim. No ano passado, os blocos acertaram que a negociação terminaria até 31 de outubro próximo. O ministro afirmou não saber se esse prazo será cumprido.

Segundo o ministro, o Brasil tem hoje quatro prioridades nas negociações internacionais. A primeira é o Mercosul, a segunda é a América Latina. Depois vem a Organização Mundial do Comércio OMC) e, por fim, a UE.