Título: Petroquisa negocia unidade em Minas
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/10/2004, Indústria & Serviços, p. A-11

Projeto da Petrobras para fabricação de polipropileno é estimado em US$ 360 milhões. A Petrobras vai investir em mais de uma unidade de produção de polipropileno nas regiões onde há excedente de propeno, matéria-prima para a produção do insumo petroquímico. Ontem, o presidente da Petrobras Química (Petroquisa), Kuniyuki Terabe, deu mais detalhes sobre a estratégia da estatal nessa área.

De acordo com a estatal, as prioridades para os investimentos são locais próximos às refinarias de São Paulo (Refinaria Henrique Lage - Revap e Refinaria de Paulínia - Replan), do Paraná (Refinaria Presidente Getúlio Vargas - Repar), do Rio Grande do Sul (Refinaria Alberto Pascoalini - Refap) e de Minas Gerais (Refinaria Gabriel Passos - Regap). Esta última abrigaria uma unidade de ácido acrílico, projeto que a Petrobras vinha desenvolvendo com a Basf, em São Paulo, mas que foi engavetado pela empresa alemã. Agora, conforme Terabe, a Petrobras está negociando com outros grupos os investimentos em uma unidade próxima a Belo Horizonte. O projeto está orçado em US$ 360 milhões e utilizaria as 150 mil toneladas de propeno produzidas pela Regap.

"Atualmente todo o propeno dessas refinarias é usado como combustível e queimado junto com o gás. Nossa idéia é investir em unidades para separar esse propeno e utilizá-lo como matéria-prima, um fim mais nobre", afirmou Terabe, que participou ontem de um painel de debates sobre o futuro da indústria petroquímica na Rio Oil & Gas, evento que reuniu durante a semana empresas nacionais e estrangeiras do setor, no Rio de Janeiro.

À procura de sócios

De acordo com Terabe, a unidade de polipropileno, em São Paulo, que consta do planejamento estratégico da Petrobras, terá investimentos totais da ordem de US$ 220 milhões. Outra fábrica, de fenol (insumo para resina fenólica, utilizadas em moldes para fundição e abrasão, entre outras aplicações), em local ainda não definido, está estimada em US$ 200 milhões. Já uma terceira unidade, de paraxileno (um intermediário petroquímico), PTA e PET, possivelmente será instalada no Rio de Janeiro. "A Petrobras, dentro de um cenário de crescimento da economia e da demanda petroquímica, quer investir em novos empreendimentos junto com a iniciativa privada, mas participando da gestão", disse Terabe, acrescentando que a estatal vem conversando com possíveis sócios para todos os investimentos na área petroquímica.

Os cenários traçados para o setor pelos especialistas da área, como o diretor da Copesul, Luiz Fernando Cirne Lima, apontam para um crescimento da demanda de polipropileno no País que levará a uma carência do insumo petroquímico já na segunda metade dessa década.

Gás-químico

Os novos projetos da Petrobras incluem também os investimentos no pólo gás-químico na fronteira com a Bolívia (no município de Corumbá, no Mato Grosso do Sul) e uma unidade em Itaguaí, no Rio de Janeiro, que inclui uma refinaria e uma central petroquímica."Podemos investir nas duas unidades simultaneamente, porque estão localizados em regiões distintas e vão produzir insumos diferentes. Os projetos não são conflitantes entre si", afirmou Terabe. Ele admitiu que a unidade no Rio de Janeiro, atualmente avaliada pela Petrobras e pelo grupo Ultra, poderá incluir novos sócios. O executivo evitou citar nomes, mas o diretor executivo da Suzano, Sérgio Alves, em entrevista a este jornal, falou sobre o interesse em participar do projeto ao lado da Petrobras e do Ultra.

O projeto petroquímico da Petrobras e do grupo Ultra em Itaguaí teria capacidade de refino de óleo pesado superior a 150 mil barris diários. Os negócios da nova central deverão ser voltados para produtos de segunda geração. Se sair do papel, a unidade ficará pronta depois de 2010.

BNDES deve financiar obras

"Estamos na segunda fase no processo de avaliação, estimando os custos, o mercado e o financiamento. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá participar do projeto. Mas só teremos uma definição no fim do ano", afirmou Terabe. O pólo da Bolívia tem um custo estimado de US$ 1,2 bilhão. Já a unidade no Rio de Janeiro está orçada, inicialmente, em US$ 3 bilhões. O presidente do BNDES, Carlos Lessa, já manifestou o interesse da instituição em participar dos dois projetos.

kicker: Estão previstas também unidades em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul