Título: A utilização da capacidade instalada é recorde em agosto
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/10/2004, Indústria & Serviços, p. A-12
Vendas reais tiveram alta de 20,7% e salários aumentaram 9,98%. A indústria de transformação bateu recorde de utilização da capacidade instalada em agosto com índice original de 83,9% de emprego do parque industrial e de 83,3% expurgadas as sazonalidades. O número foi divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), juntamente com a apresentação dos demais indicadores industriais, que também apresentaram evolução positiva de desempenho. Na comparação com agosto de 2003, as vendas reais registraram alta de 20,17%, as horas trabalhadas aumentaram 10,70%, os salários reais tiveram acréscimo de 9,98% e o nível de pessoal empregado cresceu 5,18%.
Ao divulgar os dados, o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, adiantou que para os meses de setembro e outubro são esperados novos recordes de utilização da capacidade produtiva devido ao tradicional dinamismo do setor industrial no período que antecede as compras de fim de ano.
Apesar da vertiginosa aproximação da capacidade máxima, Castelo Branco descartou a possibilidade de restrição de oferta em 2004. "A utilização da capacidade produtiva intensificou-se e isso sinaliza a necessidade de investimentos, mas isso não compromete, de imediato, a oferta", assegurou. Passados os meses de setembro e outubro, a tendência é de menor uso da capacidade entre novembro e fevereiro.
A evolução positiva registrada tanto na comparação com agosto de 2003 quanto frente a julho último atesta, conforme a avaliação de Castelo Branco, uma expansão contínua. "Não se trata de uma recuperação. O setor industrial mantêm-se em uma trajetória firme de crescimento", frisou.
Segundo o economista, o desempenho isolado da variável pessoal empregado comprova a confiança dos industriais na permanência do alto nível de atividade. Em agosto, esse indicador mostrou uma elevação de 5,18% frente a agosto de 2003 e de 0,88% em relação a julho. "As indústrias estão contratando porque a perspectiva é de continuidade do crescimento", comentou.
Segundo a CNI, desde março o indicador de vendas reais mantém-se em expansão contínua no nível dos 20%. O aumento na variável horas trabalhadas (10,7%) é o mais alto da série, iniciada em 1992.
Se por um lado a evolução positiva dos indicadores evidencia o vigor do setor industrial sinaliza, por outro, a importância da intensificação dos investimentos em ampliação do parque. Os setores que enfrentam as maiores riscos de limitação da produção no médio prazo são máquinas e equipamentos, têxteis, madeireiras, siderúrgicas e indústrias de celulose, papel e embalagens.
Ontem, Castelo Branco disse que para que seja garantida a expansão firme da economia, a taxa de investimento tem de avançar para mais de 20% do PIB. Segundo ele, os fatores restritivos ao investimento continuam sendo a manutenção da taxa de 9,75% ao ano da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e os demais custos financeiros incidentes sobre os financiamentos, a exemplo do spread bancário. Em termos conjunturais, o economista considerou que a incerteza do comportamento futuro do preço do petróleo não se mostra como uma ameaça à expansão da economia mundial e do Brasil.