Título: Clientes Vivo farão roaming digital na região da CTBC
Autor: Thaís Costa
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/10/2004, Telecomunicações & Informática, p. A-12

Operadora cobra da Anatel solução definitiva para Minas e Nordeste. Os clientes da Vivo, a maior operadora celular do País, terão roaming digital em 40 das 86 cidades cobertas pela CTBC, companhia móvel do grupo Algar, a partir do início do ano que vem.

O acordo entre as duas companhias foi anunciado ontem e prevê a implantação de uma rede CDMA por cima da infra-estrutura em TDMA da CTBC, cuja área de abrangência envolve parte dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. O fornecedor não foi selecionado até o momento, e o tempo de implantação está estimado em 60 dias.

Atualmente, nesses locais, o cliente Vivo não consegue ter acesso à caixa postal, identificador de chamadas, conferências, Wap ou outros serviços inteligentes e de acesso à internet, pelo fato de o roaming ser efetuado somente pelo meio analógico. Outra inconveniência é o fato de a bateria dos telefones ter uma durabilidade muito reduzida.

O presidente da Vivo, Francisco Padinha, não informou o valor do investimento, dizendo apenas que é marginal e insignificante diante do conjunto de valores investidos na rede da operadora, mas neste caso guarda importância estratégica. "O negócio do celular é nacional", justificou Padinha.

Para a CTBC, que não fará desembolsos e receberá os equipamentos em regime de comodato, o acordo significa um crescimento de aproximadamente 30% na receita de roaming, pois os clientes da Vivo são os responsáveis por 70% das chamadas realizadas por visitantes na área da CTBC, afirmou Eduardo Parra, diretor de marketing e vendas da empresa. Sem especificar montantes, o executivo afirmou que na média brasileira, a receita gerada por roaming representa 30% do faturamento total das operadoras.

A mesma proposta de "overlay" em CDMA nas redes TDMA foi feita à TIM e à Telemig Celular, para possibilitar o roaming digital no Nordeste e em Minas, afirmou Padinha, pois apesar de contar com quase 25 milhões de clientes, a Vivo não tem atuação nessas áreas. Não houve retorno.

Solicitada por este jornal a comentar a proposição, a TIM, por meio de seu presidente, Mario Cesar Pereira de Araujo, contra-argumentou que foi escolha da própria Vivo não usar o CDMA na freqüência de 1.8 MHz ¿ utilizada por outras operadoras em outros países. "Com relação à solicitação, estamos estudando", concluiu Araújo.

Se as duas operadoras não concordarem em compartilhar a infra-estrutura, a operadora fará a mesma solicitação à Claro, que ocupa a banda B. Solicitada a comentar o assunto, a companhia contro

lada pela Telmex não respondeu.

Vivo cobra solução da Anatel

Ainda que novos acordos de roaming venham a ser fechados e completem a cobertura digital em CDMA em todo o País, a Vivo não pretende desistir de incorporar essas áreas e poder vender telefones e conquistar clientes nessas regiões.

Para isso, Padinha endureceu o discurso e reivindicou a interferência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) na gestão do espectro. "Tem de haver uma intervenção do regulador no sentido de procurar caminhos para que o CDMA seja tratado com isonomia", afirmou. Padinha se referiu ao artigo 26 do código do Serviço Móvel Pessoal (SMP), que conceitua o espectro como um bem escasso e público, e que por isso deve ser bem-aproveitado.

Pelo fato de terem definido a evolução para o GSM em 1,8 GHz, Tim, Telemig e Claro estão retirando usuários dos 850 MHz, faixa que passou a registrar ociosidade. "Ora, só precisamos de 5 MHz para resolver seu problema", disse.

Para o gerente geral de certificação e engenharia de espectro da Anatel, Francisco Giacomini Soares, a ociosidade deve ser combatida, e por isso a Anatel está avaliando a questão antes de qualquer iniciativa. No entanto, segundo o técnico, as operadoras que têm concessão nas regiões pretendidas pela Vivo ¿ Minas e Nordeste ¿, poderão querer manter a faixa de 850 MHz para implantar o GSM. "Esta possibilidade tecnológica é recente e já foi utilizada por operadoras norte-americanas", afirmou Soares.