Título: Dólar e juros sobem com realização de lucro pelos investidores
Autor: Aluisio Alves
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/10/2004, Finanças &Mercados, p. B-1

O dia de ontem foi de realização de lucros por parte dos investidores, depois de confirmada a nova captação soberana brasileira no mercado internacional. O dólar e as projeções para os juros futuros subiram. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e os títulos da dívida do governo recuaram. Como a captação no exterior de US$ 1 bilhão pelo Tesouro já vinha sendo cogitada pelo mercado desde a semana passada - expectativa que levou o preço dos ativos brasileiros aos maiores níveis desde janeiro - ontem a ordem foi embolsar os ganhos recentes.

A confirmação da tendência de queda da inflação, com o anúncio de recuo no Índice Geral de Preços no conceito Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi insuficiente para evitar o reforço das apostas de que o BC vai mesmo voltar a elevar a Selic (hoje em 16,25% ao ano) na reunião de 19 e 20 deste mês. O IGP-DI passou de 1,31%, em agosto, para 0,48% em setembro.

Segundo um analista, o mercado concorda com a avaliação da autoridade monetária, exposta em relatório da instituição divulgada recentemente, de que o arrefecimento de preços é momentâneo e que os índices de inflação devem ser pressionados nos próximos meses.

Essa leitura é reforçada pelos sucessivos recordes de alta da cotação internacional do petróleo. O barril tipo WTI, com entrega para novembro, subiu 1,82%, encerrando negociado a US$ 52,02 na Bolsa de Mercadorias de Nova York, no maior patamar desde 1983, data de início das negociações do contrato. Já o barril tipo Brent, com entrega para mesma data, avançou 1,28%, finalizando a US$ 47,99 na Bolsa Internacional do Petróleo de Londres, recorde histórico para os contratos que existem desde 1988. "Isso reforça a estimativa de que o preço dos combustíveis será reajustado em breve", diz um analista.

Além disso, a notícia de que o nível de utilização da capacidade instalada na indústria brasileira atingiu 83,9% em agosto, recorde, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), eleva os receios de que o gargalo na oferta resulte em alta de preços.

Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), os contratos com vencimento em abril de 2005, os mais líquidos com R$ 12,3 bilhões em negócios, fechou a 17,09% ao ano, uma alta de 0,04 ponto percentual. O dólar comercial encerrou em alta de 0,46%, vendido a R$ 2,842. O risco-país subiu 1,24%, ficando em 450,57 pontos. Já o C-Bond, principal título da dívida externa brasileira, se desvalorizou em 0,38%, cotado a 99,5% do valor de face. A Bovespa teve queda de 0,74%.