Título: A inclusão digital via satélite
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/08/2004, Opinião, p. A-3

O projeto já saiu do papel para tornar-se realidade em vários países. A inclusão digital em comunidades carentes deixa de ser um projeto no papel para tornar-se realidade em vários países. Exemplo disso são programas como o E-link Américas (Estados Unidos), o E-Mexico e o Compartel, na Colômbia, que utilizam a tecnologia de satélites para garantir acesso à informação, através de banda larga, em locais onde a infra-estrutura é precária. No Brasil, empresas do setor de satélites também se movimentam para realizar o processo de inclusão em localidades remotas. Com a utilização da tecnologia DVB-RCS (Digital Video Broadcasting - Return Channel via Satellite), que vem ganhando espaço como um padrão global, é possível que áreas com dificuldade de infra-estrutura terrestre para implantação de redes convencionais possam estar conectadas de maneira interativa. Diferente da videoconferência que temos hoje, a solução DVB-RCS permite a interatividade entre as pessoas em tempo real, já que o retorno é feito pelo mesmo link de acesso. Assim, um professor em São Paulo pode fazer uma palestra para turmas de vários estados e os alunos, em pontos diferentes, conversarem entre si e com o próprio palestrante. Portanto, a tecnologia de satélite impulsionará o ensino e o treinamento a distância, o que aproximará as pessoas e as qualificará de maneira mais uniforme. A solução DVB-RCS reúne também toda a tecnologia necessária para que as operadoras de telefonia fixa no País cumpram as metas do Plano Geral de Metas de Universalização da Anatel, o PGMU. De acordo com o plano, todas as localidades brasileiras com até 300 habitantes deverão contar com serviço de telefonia fixa. Além do PGMU, o governo federal colocou em discussão o Serviço de Comunicação Digital (SCD), que propõe, assim como o E-link Américas, o E-Mexico e o Compartel, a possibilidade de acesso de postos de saúde, delegacias, fóruns, escolas e outros órgãos públicos à internet banda larga, mesmo em localidades sem infra-estrutura adequada. Outra vantagem é a ampla capacidade de cobertura, especialmente após o lançamento do satélite Amazonas, operado pela Hispamar, e que apresenta o que há de mais inovador em termos de tecnologia. Posicionado sobre a Amazônia, o satélite, que utiliza a solução DVB-RCS, opera uma série de serviços de comunicação, tais como transmissão de sinais de TV e rádio, redes de telecomunicação para empresas, aplicações multimídia e de banda larga. Com o uso da banda Ku, é possível reduzir significativamente os custos dos serviços. O resultado será a popularização do uso de satélites, eliminando a necessidade de construir backbones e redes de acesso - em cobre ou fibra óptica - para garantir a comunicação de voz e dados. Por todas essas possibilidades de inclusão digital, o mercado para soluções de comunicação via satélite deve continuar crescendo, oferecendo excelentes oportunidades para as empresas do setor e, principalmente, para as pessoas que, mesmo isoladas fisicamente dos grandes centros, poderão se manter conectadas de maneira interativa, eficiente e mais barata.