Título: Preço da gasolina apenas...
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/10/2004, Primeira Página, p. A-1
Para analista defasagem ainda é alta e chega a 42% para a gasolina e a 19% para o diesel. A tendência é de alta do preço do petróleo já que a demanda continuará aquecida, principalmente com a chegada do inverno na Europa e nos Estados Unidos e diante da impossibilidade de um aumento na oferta.
Para o analista do banco Brascan, Luiz Caetano, a superação da faixa dos US$ 50,00 o barril nos últimos dias tornou inevitável o reajuste de preços no mercado interno. "Mas esse aumento ficou muito abaixo do necessário", disse. Pelas suas contas, a defasagem, após a correção de ontem, ainda permanece elevada, chegando a 42,2% para a gasolina e a 19,8% para o diesel. "São contas aproximadas. Não temos todas as variáveis para apurar um valor mais exato, como por exemplo o custo do frete e o preço negociado pela Petrobras para a venda interna e importação de combustíve", disse.
De qualquer forma, a estratégia da Petrobras tem sido a de evitar repassar para os preços internos a volatilidade da cotação internacional.
Riscos de atritos
O governo federal não poderá mais se esquivar de atritos com a população, sob pena de no futuro ter sua credibilidade abalada junto aos investidores externos. A ponderação foi feita ontem pelo professor Albert Fishlow. Para o ex-subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos dos Estados Unidos, porém, a Petrobras agiu bem ao esperar para ver até onde vai a alta do petróleo no mercado externo, antes de fazer um ajuste forte no preço dos combustíveis.
"A política de conveniência praticada pelo PT, de evitar embates, não é sustentável no longo prazo. Se a tendência de preços lá em cima se confirmar, ele terá de agir com mais firmeza, traçando uma estratégia de médio e longo prazos", disse Fishlow por telefone, de seu escritório na Universidade de Columbia, Nova York. "Nesse caso, vejo a posição cautelosa do governo justificada, porque ninguém sabe por quanto tempo o petróleo será negociado sob os absurdos preços atuais."
O ex-diretor de Política Econômica do Banco Central, Sérgio Werlang também rechaçou tons dramáticos ao analisar a influência da determinação da Petrobras sobre os índices futuros. "O PT enfrentou uma crise externa em abril deste ano e foi muito bem. Manteve velocidade de cruzeiro e linha reta. A crise afeta a todos os países e não só a economia brasileira.