Título: Cotações voltam a atingir recordes em Nova York e Londres
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/08/2004, Energia, p. A-7

O preço do petróleo recuperou ontem a tendência de alta e chegou a ser cotado a US$ 46,95 por barril em Nova York, principalmente pela instabilidade em países produtores chaves, assim como pelas expectativas de uma diminuição das reservas nos EUA. No fechamento da Bolsa de Mercadorias de Nova York, o preço do óleo tipo WTI para entrega em setembro ficou em US$ 46,75, uma alta de 1,52%. A cifra é um novo recorde histórico desde 1983, quando foram iniciados os negócios com contratos futuros em Nova York. Em Londres, a cotação do óleo tipo Brent para entrega em outubro fecharam a US$ 42,99 na Bolsa Internacional de Petróleo, uma alta de 0,7% e também recorde histórico.

Alguns analistas previam uma certa correção do mercado ontem após conhecer-se o triunfo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no referendo revogatório do domingo, que parece assegurar a continuidade dos fornecimentos daquele país, o quinto produtor mundial de petróleo. A ampla vantagem dos partidários da continuidade de Chávez frente ao voto opositor estabelecia uma incógnita que tinha pressionado com força os preços em recentes semanas.

A incerteza persiste, no entanto, em torno ao futuro da companhia petrolífera russa Yukos, que poderia reduzir o nível de fornecimento de petróleo da Rússia, o segundo maior produtor mundial. As perspectivas sobre a empresa pareciam um pouco mais favoráveis depois que a Ferrovias da Rússia dizer que seguiria transportando o petróleo da empresa a seus clientes. Com isso parecia garantida, pelo menos a curto prazo, a continuidade nos fornecimentos a destinatários como a China.

No entanto, o Tribunal de Arbitragem de Moscou rejeitou a solicitação da companhia de deter uma sentença que lhe obriga a pagar US$ 3,4 bilhões por evasão de impostos em 2000. O temor dos mercados é que uma quebra da companhia russa reduza em cerca de 1,7 milhão de barris diários de petróleo o nível de oferta global no momento que a demanda é alta.

Consumo elevado

As perspectivas são de que continuará elevado o consumo de combustíveis, devido ao crescimento da economia nos Estados Unidos e outros países como China e Índia, entre outros. O Federal Reserve (banco central) dos EUA informou ontem que a produção industrial cresceu 0,4% em julho e a construção de casas novas aumentou 8,3% nesse mesmo mês, segundo o Departamento de Comércio, enquanto que a inflação segue controlada.

Esses dados sugeriram a alguns especialistas que a demanda de produtos energéticos continuará sendo alta, enquanto que a capacidade de produzir mais combustível está quase no limite máximo. A situação no Iraque, onde o governo interino iraquiano e as forças americanas não conseguiram acabar com a força do clérigo radical xiita Moqtada al-Sadr, é outro assunto que influi nas decisões dos operadores, que além disso se ocuparam ontem com os dados sobre reservas dos EUA, que serão divulgados hoje.