Título: Preço pode levar Rússia a ampliar vendas de óleo
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Fonte: Gazeta Mercantil, 18/10/2004, Energia, p. A-6
A Rússia está preparada para aumentar suas exportações de petróleo em 5,4 por cento, disse a empresa que tem o monopólio dos oleodutos do país, num momento em que a falta de capacidade excedente de produção nas demais regiões do mundo contribui para os preços recordes do petróleo bruto.
A elevação da oferta do produto da parte da Rússia atenuaria as preocupações de que os países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo não possam intensificar suas remessas no caso de interrupção da produção do Iraque, da Nigéria e do Golfo do México norte-americano.
A Rússia, a segunda maior exportadora mundial de petróleo, atrás apenas da Arábia Saudita, terá capacidade para remeter mais 260.000 barris ao dia para o mercado mundial depois de expandir os oleodutos e um de seus portos no Mar Báltico, disse Sergei Grigoryev, vice-principal executivo da OAO Transneft, como é conhecida a empresa estatal de oleodutos. O petróleo adicional poderá ter como destino a China, a Alemanha, a Lituânia, a Ucrânia ou os portos do Báltico, disse ele.
``Há vários meses não utilizamos plenamente nossa capacidade de exportar", disse Grigoryev em entrevista telefônica de seu gabinete em Moscou. ``Parece que as empresas petrolíferas é que não têm petróleo para ocupar os oleodutos.''''
As produtoras russas de petróleo como a TNK-BP, a terceira maior petrolífera do país em produção, disseram que precisam ser informadas com bastante antecedência da capacidade adicional para poderem aproveitá-la.
``É preciso saber de antemão dessa capacidade excedente", disse Marina Dracheva, porta-voz da TNK-BP, em entrevista telefônica. ``Estamos usando um sofisticado modelo de otimização de preços para escolher onde vender nosso petróleo. Ultimamente o mercado interno tem sido bastante atraente.''''
Empresas como a TNK-BP e a OAO Sibneft conseguem exportar cerca de um terço de sua produção por meio dos oleodutos, e o volume restante é fornecido às refinarias ou a terminais petrolíferos de carga nacionais para serem exportados sobre barcas fluviais ou vagões ferroviários.
``A Sibneft exporta tudo o que necessita por meio de oleodutos. Utilizamos a parcela que desejamos de nossa cota de exportação", disse John Mann, porta-voz da Sibneft, a quinta maior produtora de petróleo da Rússia. ``No momento não vemos problemas com as limitações às exportações.''''
A Sibneft exporta algum volume de petróleo por oleoduto para o Cazaquistão, de onde o produto é remetido por vagões ferroviários para a China, disse Mann. Grigoryev, da Transneft, disse que há capacidade excedente para transportar petróleo por essa via.
Em setembro de 2003, a capacidade russa para exportar por meio de oleodutos já era cerca de 800.000 barris/dia inferior à demanda, disse a Transneft na época. Esse gargalo obrigou os produtores a empregar as ferrovias, com tarifas mais caras, para transportar petróleo bruto da Rússia.
A capacidade excedente representa 5,4 por cento dos 4,8 milhões de barris/dia de petróleo que a Rússia vai exportar este ano, segundo cálculos da Bloomberg.
As tarifas mais altas que as petrolíferas russas têm pago às ferrovias estão custando à Rússia cerca de US$ 5 bilhões ao ano.