Título: Gerdau anuncia usina em São Paulo
Autor: Gustavo Viana
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/10/2004, Indústria & Serviços, p. A-10

Investimento de R$ 750 milhões na primeira unidade em São Paulo, que produzirá vergalhões. O grupo Gerdau, maior fabricante de aços longos do continente americano, vai investir R$ 750 milhões na construção de sua primeira usina siderúrgica localizada no estado de São Paulo, no município de Araçariguama, distante 50 quilômetros da capital paulista, informou o presidente do grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter.

Desse montante, 55% será financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), 25% por fornecedores de equipamentos da nova usina e outras instituições financeiras, e 20% de capital próprio do grupo. A unidade está em fase final de implantação da sua infra-estrutura. O início das operações da primeira fase está previsto para maio de 2005, com a aciaria. A etapa da laminação - em que o aço é transformado no produto final, o vergalhão, utilizado na construção civil - terá início em abril de 2006. O investimento será realizado em duas fases.

Na primeira etapa, em andamento, serão investidos R$ 500 milhões e a capacidade anual da aciaria será de 900 mil toneladas de aço bruto que, após processadas, resultarão em 600 mil toneladas de vergalhões. Com mais US$ 250 milhões, a capacidade instalada total alcançará 1,3 milhão de toneladas de aço bruto por ano - 1,2 milhão de toneladas de vergalhões. A Gerdau ainda não anunciou a data da entrada em operação dessa segunda fase.

O foco das vendas da unidade será São Paulo, que, de acordo com Johannpeter, precisa trazer vergalhões de outras regiões do País. "São Paulo vai passar de `importador¿ de vergalhões de outros estados para `exportador¿", disse Johannpeter. Segundo ele, a unidade também terá potencial para exportar para países da América do Sul e Central. A fábrica está gerando 400 empregos diretos e 3,6 mil indiretos na cadeia produtiva (desde a coleta dos insumos - sucata e ferro-gusa - até a distribuição dos produtos) durante esta primeira etapa.

O grupo gera cerca de 2,2 mil empregos em São Paulo, em unidades de transformação, corte e dobra de aço e coleta de sucata. De acordo com Johannpeter, a localização da nova usina - na margem da rodovia Castello Branco, no quilômetro 52 - foi escolhida pelo potencial do mercado consumidor e pela facilidade para a obtenção da sucata. A Gerdau conta com seis postos de coleta de sucata no estado: em São Caetano do Sul, Jundiaí, Araraquara, Bauru, São José dos Campos e em Araçariguama.

Sobre a recente contratação de dois executivos para cargos do alto escalão do grupo, Johannpeter disse que elas fazem parte de um reforço da equipe executiva, tendo em vista o crescimento da empresa em virtude das recentes aquisições, no Brasil e no exterior.

"Nos últimos cinco anos o grupo saiu de uma capacidade instalada de 4 milhões de toneladas para 16 milhões de toneladas de aço bruto", disse Johannpeter.

Ricardo Gehrke, ex-presidente da Esso Brasileira de Petróleo, subsidiária da norte-americana Exxon Mobil Company, assumiu a vice-presidência executiva de aços longos Brasil. Domingos Somma, que desde 2000 ocupava a vice-presidência de aços longos Brasil da siderúrgica, assumiu a recém-criada vice-presidência executiva comercial do grupo Gerdau. "A empresa trabalha com uma estrutura profissional há 30 ou 40 anos. As contratações são feitas através de conceitos profissionais e técnicos, onde é avaliada a competência do executivo, sendo da família ou não".

Segundo o executivo, o grupo Gerdau deverá anunciar nos próximos dias a conclusão da compra de quatro unidades da empresa North Star Steel, controlada pela Cargill, nos Estados Unidos. O grupo Gerdau vai investir US$ 266 milhões na compra de ativos e capital de giro desses ativos norte-americanos, em operação realizada pela subsidiária da empresa na América do Norte, a Gerdau Ameristeel. O negócio abrange quatro usinas produtoras de aço longo, com capacidade para produzir 2 milhões de toneladas anuais.

A Gerdau, disse Johannpeter, estuda algumas possibilidades para a compra de ativos em alguns países da América do Sul. O grupo já possui fábricas no Chile (Gerdau AZA), e no Uruguai (Gerdau Laisa), além de uma participação de 38,2% da Sipar Laminación de Aceros, na Argentina. De acordo com o presidente do grupo Gerdau, a empresa não está analisando, no momento, novos negócios da América do Norte.

No Brasil, fazem parte do grupo Gerdau, entre outras, as usinas Aços Finos Piratini (RS), Cosigua (RJ), Usiba (BA), Açonorte (PE) e Gerdau Cearense (CE). O grupo também vai investir US$ 1,2 bilhão para duplicar a capacidade de produção da antiga Açominas, localizada em Ouro Branco (MG), das atuais 3 milhões de toneladas anuais de aço bruto para 6 milhões de toneladas. Todo o volume adicional será vendido no mercado externo. No primeiro semestre deste ano, o grupo Gerdau obteve um faturamento de R$ 11,3 bilhões, lucro líquido de R$ 1,3 bilhão, e a produção de aço (incluindo as operações no exterior) alcançou 6,4 milhões de toneladas no período.