Título: As marcas largam com a...
Autor: Sandra Azedo
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/10/2004, Mídia & Marketing, p. A-14

GP Brasil se mantém como grande vitrine. "A Bridgestone é o maior fabricante de pneus do mundo e comprova esta hegemonia vencendo a categoria automobilística mais competitiva que existe", observa sem modéstia o diretor comercial da Bridgestone Firestone do Brasil, Carlos Eduardo de Araujo. A Bridgestone - que fornece pneus para outras escuderias além da Ferrari e enfrenta a sua arqui-rival na Fórmula 1, a Michelin - tem uma ação global para essa categoria.

"Somente adaptamos alguns detalhes no Brasil, mas trata-se de uma estratégia mundial", esclarece Araujo. Neste conjunto, além de placas na pista com a marca da fabricante de pneus, a Bridgestone prepara ainda, todos os anos, um "hospitality center" para receber revendedores e convidados. "Em 2004 também vamos casar a F-1 com a nossa convenção de vendas, como atividades complementares", conta.

Segundo Araujo, o fato de em 2004 o GP Brasil ser a última etapa e não uma das primeiras de todo o circuito da F-1, como em outros anos (e com o título e o vice-campeonato já definidos, ambos com a Ferrari) em nada atrapalhou o bom desenvolvimento do marketing da Bridgestone. Isso porque, recentemente, a empresa lançou no País uma grande campanha para mostrar a tecnologia empregada na fabricação de seus produtos, e, claro, reforçar as vendas no mercado brasileiro, onde a marca ainda tem baixa penetração.

"Foi um casamento perfeito. Lançamos a campanha bem próximo da F-1. Agora, ela fica fora do ar durante uns dias e será retomada em seguida", explica Araujo. Em relação a esta propaganda - que tem como "garotos-propagandas" um guepardo e em outro filme um lagarto -, Araujo afirma que os primeiros resultados já começam a aparecer. "Começamos a notar uma maior procura por produtos Bridgestone, o que era um dos objetivos", comemora o diretor comercial da Bridgestone Firestone.

A anglo-holandesa Shell é outra empresa que aproveita mais uma vitória no campeonato, junto com a Ferrari, para explorá-la como tema de sua ação de marketing. A Shell é fornecedora de combustível e lubrificante da escuderia italiana. Vale lembrar que Michael Schumacher fez história na Bélgica com o inédito heptacampeonato mundial de pilotos na data em que a Ferrari comemorava sua 700 corrida. Na Hungria, a Ferrari já havia conquistado o Campeonato Mundial de Construtores e o brasileiro Rubens Barrichello garantiu, no primeiro GP da China, o segundo lugar no campeonato.

De acordo o diretor de marketing no Brasil da líder mundial na distribuição de combustíveis, Bruno Motta, a empresa está investindo R$ 14 milhões em ações de marketing para o GP Brasil. Terá uma arquibancada vip para 3,5 mil convidados, um hospitality center para 350 pessoas e também fechou o Credicard Hall, em São Paulo, para um show, no sábado, com o objetivo de esquentar os ânimos para a corrida do dia seguinte.

]"O glamour da F-1 ajuda a valorizar uma marca", considera Motta, lembrando que as iniciativas da Shell na F-1 também são mundiais. Entre as estratégias ligadas ao GP Brasil estão ainda promoções como o Copão Ferrari, que começou em 1 de setembro, em que o consumidor concorre a prêmios ao utilizar serviços nos postos Shell. Além disso, o cliente concorre a sorteios de adesivos, camisas, canetas, etc. "É um momento de excelente retorno para promoções nos postos, pois os consumidores estão mais voltados para o esporte e a visibilidade da marca aumenta." Segundo pesquisa recente da marca com consumidores no País, 42% dos motoristas que abastecem em postos Shell sabem que a companhia é patrocinadora da Ferrari.

De 1950 a 1973, a Shell forneceu à Ferrari combustíveis e lubrificantes. Em 1996, a companhia anglo-holandesa novamente reuniu-se à escuderia italiana como parceira. Desde então, foram 77 vitórias em Grandes Prêmios, seis campeonatos mundiais de construtores e cinco de pilotos. No total, a parceria entre Shell e Ferrari conquistou 11 mundiais de pilotos e 12 mundiais de construtores. A briga, neste segmento, acontece com a brasileira Petrobras, fornecedora de combustível da equipe Williams-BMW.

Empresas de outros segmentos também aproveitam a F-1 para reforçar o marketing. A Siemens, por exemplo, é parceria da equipe McLaren Mercedes. A multinacional alemã tem amplos direitos de publicidade e ações relacionamento, além de permanecer como parceira tecnológica da equipe inglesa com motorização alemã. A marca Siemens aparece nos carros de corrida e nos uniformes dos pilotos - um deles, a partir do ano que vem, o popular colombiano Juan Pablo Montoya.

Segundo Rudi Lamprecht, membro da diretoria mundial da Siemens, a Fórmula 1 é uma das atividades de marketing esportivo mais importantes, com capacidade de gerar um efeito global. "A expansão da série do Grande Prêmio com corridas na China e em Bahrein, por exemplo, nos coloca em mercados de crescimento muito importantes e que contribuem para alavancar a imagem da marca. Em breve, todos os grupos da Siemens serão beneficiados pela parceria com a equipe McLaren Mercedes".

Um caso à parte é o da cerveja brasileira Nova Schin, a principal marca de cerveja do Grupo Schincariol, que faz a sua estréia este ano na Fórmula 1. A Nova Schin é cotista da Rede Globo e a empresa ainda é fornecedora oficial do evento (cerveja e água). Segundo o gerente de marketing, Luiz Cláudio Taya de Araújo, essa categoria do automobilismo é um excelente produto para se trabalhar. "São diversas vinhetas, uma programação que vai do início ano fim do ano", afirma Taya de Araújo.

A empresa terá uma arquibancada para 1,2 mil pessoas e um HC para 800 convidados. "Gostamos tanto que já renovamos com a Globo para a temporada de 2005." O pacote comprado da Globo contempla 945 inserções, entre vinhetas de patrocínio, inserts e publicidade virtual, além de placas de merchandising presentes no Grande Prêmio Brasil.

O Grupo Schincariol preparou uma série limitada de 36 milhões de latas de sua cerveja, alusiva à F-1. Segundo a companhia, durante os meses de setembro e outubro a lata da cerveja Nova Schin está de cara nova para receber o GP Brasil de Fórmula 1. A edição limitada é vendida em todo o Brasil. Também foram preparados, especialmente para o evento, filmes publicitários que remetem ao tema automobilismo.

Dúvidas sobre o tabaco

Desde o fim de 2000 existe uma lei que proíbe a propaganda de fabricantes de cigarro, exceto a de ponto-de-venda. Quando ela ia entrar em vigor, foi obtida uma medida provisória que permitia, como exceção, até 30 de setembro de 2005, a inserção de marcas de cigarro em eventos esportivos, desde que estes fizessem parte de um circuito internacional, como é o caso da F-1 e de eventos como a Festa do Peão de Barretos, que traz anualmente peões estrangeiros. Por isso, até agora, no GP Brasil o cigarro ainda aparece grafado nos carros.

Acontece que a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) divulgou na semana passada um calendário provisório para o campeonato de 2005. Por essa tabela, o GP Brasil deixa de ser a última etapa e passa a ser a antepenúltima. Isso significa que não seria, então, realizado em outubro, e sim em 25 de setembro, antes de vencer o prazo para inserção de marcas de cigarro, em 30 de setembro do próximo ano.

kicker: Schincariol faz estréia no evento, como patrocinadora na TV e fornecedora de Interlagos