Título: Empreendimentos trazem europeus ao Ceará
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Fonte: Gazeta Mercantil, 18/10/2004, Relatório - Investimento em turismo e Hotelaria, p. 1

Portugueses, espanhóis e italianos são os grandes interessados em aproveitar oportunidades no estado ensolarado. O s 573 quilômetros de litoral, com praias ainda pouco habitadas, sol praticamente o ano inteiro e proximidade de centros emissores como Europa e Estados Unidos, vêm atraindo grupos com sotaque espanhol, italiano e português, em especial, interessados na construção de hotéis e resorts. A secretaria de Turismo (Setur) tem em carteira projetos que somam algo em torno de US$ 1,5 bilhão, recursos estimados para aplicação nos próximos três anos. "Estamos observando fluxo crescente de investimentos europeus no setor", afirma o titular da pasta Allan Aguiar. Boa parcela fica em áreas do litoral Oeste e Leste do Estado, servidas pelas rodovias do Sol Nascente e do Sol Poente.

O coordenador de investimentos da Setur, Alexandre Cabral, diz que as perspectiva para início de 2005 são animadoras. "Os empreendimentos variam dos mais simples aos mais sofisticados", adianta o executivo, que alinha 12 projetos em condições de deslanchar. A lista seria bem maior, mas uma avaliação recente eliminou pelo menos 15 propostas, consideradas com poucas chances de sair do papel. Cabral admite que o volume de investimentos "pode até ser conservador", diante das perspectivas, pois alguns projetos ainda não chegaram à secretaria.

Os planos dos investidores, que não dispensam requinte nas construções, aliam como atrativo a construção de marina e campos de golfe, considerados importantes na hora de conquistar o turista internacional. O Cidade Atlântida, na Praia da Baleia, município de Itapipoca, a cerca de 130 quilômetros de Fortaleza, prevê três campos na fase inicial, que inclui 14 hotéis e 13 resorts, todos categoria 5 estrelas, e seis condomínios residenciais. O projeto, conduzido pelo grupo espanhol Nova Atlântida, e estruturado de forma auto-sustentável, envolve 42 empreendimentos, oferta de 120 mil leitos com 8 campos de golfe, e área de 3,2 mil hectares, no global. Os trabalhos da gigantesca cidade começam pelas obras de base e seguem com a construção de um hotel escola para formação de mão-de-obra, com capacidade de 200 unidades habitacionais.

A primeira fase - orçada em US$ 1,5 bilhão para os próximos oito anos - envolve área 1100 hectares, para 27 empreendimentos, com capacidade para 42 mil leitos, distribuídos entre hotéis e resorts, todos temáticos, com equipamentos complementares entre si, e liberados aos hóspedes. O presidente do grupo, Juan Ripoll Mari, diz que a idéia é construir estrutura em condições de competir com destinos como Cancun, no Caribe, Punta Cana, na República Dominicana e Ibiza, na Espanha, por exemplo, e atrativos que não se repetem de um resort para outro.

O empresário já ergueu empreendimentos do gênero no Caribe, México e Espanha e tem participação em pelo menos 42 empresas, entre Europa e Brasil. No Ceará, Ripoll sinaliza para a conclusão de 5% das obras nos primeiros dois anos. "Estamos focados no hóspede estrangeiro, freqüentador de vôos charter e que viaja com a família", diz. A construção dos hotéis começa em 2005, confirma Erwin Frank Roman, diretor-geral da Nova Atlântida Empreendimentos, empresa baseada em Fortaleza. Dos empreendimentos previstos para a primeira etapa, cinco já foram comercializados, informa o executivo, que estima num primeiro momento a geração de quatro mil empregos diretos, número que deverá evoluir para nove mil por ano a partir do segundo.

O grupo Nova Atlântida engloba a Sociedade Gerenciadoras de Empreendimentos (Sogesa), concentrando os setores de representações, confecções, imóveis, caso da Imobiliária Cearense Internacional (ICI), baseada na capital cearense, que além de operar nos moldes tradicionais, oferece assessoria legal para empresas brasileiras e estrangeiras, com disposição para investir nos mais diferentes segmentos no Estado. A Forminas, que inclui oito mineradoras, além da Atlântida, de hotéis e Turismo também fazem parte do grupo

No Aquiraz Riviera Golf & Villas (conhecido antes como Praia Bela Resort), empreendimento da Nova Socbras, o investimento global estimado chega a R$ 500 milhões - R$ 200 milhões em recursos de terceiros. Do total do aporte do grupo, R$ 180 milhões devem ser aplicados na primeira fase e R$ 120 milhões na segunda, conforme dados da Setur.

O complexo inclui oito hotéis (quatro na primeira etapa), seis pousadas (duas na fase inicial), apoios de praia, centros de convenções, de treinamento, hípico, SPA, academia de tênis, campo de golfe, club house, igreja, heliponto, lojas comerciais e a abertura de 3.020 postos de trabalho diretor, a partir do projeto concluído, assinala o coordenador da Setur. O Socbras reúne o Banco Privado Português, Sociedade Gestora de Participações Sociais Sociedade de Investimentos Turísticos da Costa Verde (todos de Portugal), Promoção de Investimentos Imobiliários S/A e o investidor cearense Francisco Ivens Dias Branco. As obras devem iniciar em 2005.

O Vila Galé, um dos principais grupos hoteleiros de Portugal, que integra o ranking das 250 maiores empresas do setor no Mundo, responsável pela gestão de 16 unidades, entre Portugal - Algarve, Beja, Cascais, Ericeira, Estoril, Lisboa e Porto - e no Brasil, em Fortaleza e Salvador (BA), também tem planos de expansão no País. O diretor no Brasil, José Wahnon, anuncia o início das obras de um empreendimento nos moldes de resort, na Praia de Guadalupe, em área de 220 mil metros quadrados, e a 10 quilômetros ao sul da praia do Forte, na Bahia. O projeto inclui 450 apartamentos unidades, entre chalés e apartamentos, 3 restaurantes, salão para convenções e deverá ser concluído em 2006. "Estamos investindo cerca de R$ 70 milhões", adianta o executivo.