Título: Petrobras ainda não sabe quando vai reajustar preços
Autor: Janaína Leite
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/10/2004, Energia, p. A-6

Diretor da empresa culpa a volatilidade do mercado pela demora. Por conta da forte volatilidade no mercado internacional do petróleo, a Petrobras ainda não sabe quando vai mexer no preço dos derivados, incluindo a gasolina. "Para definir quanto fica o litro, é preciso olhar três fatores: condições externas, preço do frete e câmbio. A Petrobras está procurando ver qual será o patamar a ser usado como base para o cálculo do ajuste, mas no momento a volatilidade é excessiva para fazer essa definição", afirmou o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, durante audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados.

A escalada do preço do petróleo é explicada por vários fatores, mas o principal deles é que o aquecimento da economia mundial estimulou a demanda, enquanto a oferta continua estável.

Outro fator de peso que ajuda a inflar o valor do petróleo: a especulação dos agentes financeiros. Calcula-se que o volume de transações no mercado futuro está entre 20 e 30 vezes acima do real

Preço político

"A Petrobras deveria ter aumentado seus preços há um bom tempo; está perdendo muito dinheiro com essa demora. Não fizeram isso no momento certo e não poderão reajustar agora, no meio das eleições municipais. Nenhum governo faz isso, o do PT ou qualquer outro. É prejuízo político na certa", observou o consultor David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

O diretor de Abastecimento da Petrobras rebateu a tese de que a empresa, apesar de controlada pelo governo federal, está submetida também a interesses políticos. "A decisão do ajuste de preços é técnica e cabe à diretoria da Petrobras. Há medições diárias para embasar qualquer mudança", garantiu Paulo Costa.

Questionado se a demora no cálculo do valor real dos combustíveis poderia prejudicar os investimentos estrangeiros, limitou-se a dizer que cada empresa tem a sua política. "Miramos no longo prazo", justificou Costa.