Título: Planalto, PMDB e PSDB cortejam Marconi Perillo
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/10/2004, Política, p. A-6

A disputa pela prefeitura de Goiânia (GO) entre os candidatos Íris Rezende (PMDB) e Pedro Wilson (PT) se transformou numa queda-de-braço entre o Palácio do Planalto, a cúpula nacional do PMDB e o presidente nacional do PSDB, José Serra, e alçou à condição de noivo cortejado da sucessão goiana o governador do estado, Marconi Perillo (PSDB). Em reunião na quarta-feira a portas fechadas no Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, fizeram um apelo para que Perillo apoiasse à reeleição do candidato petista, atual prefeito Pedro Wilson, no 2º turno das eleições.

O pedido foi confirmado ontem ao pelo assessor do governador de Goiás, Jairo Rodrigues. Ao tomar conhecimento do encontro, a cúpula do PMDB resolveu partir para o contra-ataque. Em busca do apoio de Perillo a Íris Rezende (PMDB), ontem, logo pela manhã, partiram em comitiva ao Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, e a vice Maria de Lourdes Abadia (PSDB).

Na conversa, que durou cerca de duas horas, os peemedebistas e a vice tucana fizeram a pressão inversa e pediram para que Perillo trabalhasse a favor de Íris ou, em último caso, mantivesse a neutralidade, agindo como um magistrado na disputa. Segundo presentes ao encontro, Michel Temer disse que o triunfo de Íris Rezende nas urnas seria de fundamental importância para a aliança regional entre PMDB e PSDB em 2006.

"O apoio é fundamental para goianienses e goianos", corroborou Joaquim Roriz com quem Marconi Perillo celebrou uma aliança vitoriosa nas cidades próximas da capital da República, ao eleger 14 prefeitos nos 22 municípios da região Centro-Oeste.

Embora prometendo levar o apelo em consideração, o governador de Goiás ponderou sobre as dificuldades de sua participação na campanha do PMDB, uma vez que o partido é um histórico adversário dos tucanos no estado. Além do presidente Lula, sua base política também o estaria pressionando para que ingressasse na campanha de Pedro Wilson. A eleição do petista é considerada, assim como em São Paulo com Marta Suplicy, estratégica pelo governo federal e direção nacional do PT.

A resposta oficial, no entanto, ficou para hoje quando Marconi Perillo irá convocar uma coletiva para anunciar sua posição. Conforme apurou este jornal, até a noite de ontem o governador de Goiás estava propenso a se manter neutro na disputa. Pesaria na decisão um telefonema na última terça-feira do presidente nacional do PSDB, que está licenciado, José Serra, candidato à prefeitura de São Paulo. " Só não quero que marche com Pedro Wilson, do PT", pediu Serra.

O PT já havia tentado o apoio do governador para o seu candidato ainda no 1º turno, mas o candidato do governador Marconi Perillo à prefeitura de Goiânia foi Sandes Júnior (PP) que apostava nos altos índices de aprovação do governo do estado para chegar ao 2º turno e vencer as eleições. O pepista foi ultrapassado nos momentos finais da votação pelo petista Pedro Wilson. Na primeira etapa das eleições, o peemedebista Íris Resende teve 299.912 votos, correspondentes a 47,47%, enquanto que o petista recebeu 145.503 mil, ou 23,03% dos votos válidos e Sandes Júnior, do PP, 118.334 votos, equivalentes a 18,73%.